postado em 05/03/2016 11:51
Pequim, China - A China reduziu seu objetivo de crescimento econômico para 2016 e aspira a um avanço do produto interno bruto (PIB) de "entre 6,5% e 7%", segundo o relatório do governo divulgado neste sábado pelo primeiro-ministro Li Keqiang no Parlamento. O governo chinês havia fixado para 2015 um objetivo de "7%", e registrou finalmente um crescimento anual de 6,9% do PIB, seu resultado econômico mais modesto em um quarto de século.A China tem ainda para 2016 um objetivo de inflação "em torno de 3%" e um nível de desemprego "inferior a 4,5%", diz a mensagem lida pelo premier Li na abertura da sessão anual da Assembleia Nacional Popular (ANP). "Ao analisar todos os fatores, constatamos que este ano as dificuldades serão mais numerosas e maiores, mais temíveis os desafios, e teremos que nos preparar para um duro combate", insistiu Li Keqiang.
A economia mundial sofre com uma "reativação fraca", enquanto na própria China "se acentuam as pressões sobre a economia", disse o premier na abertura da ANP, que ratifica as decisões do Partido Comunista chinês (PCC). Há dois meses, os indicadores estão no vermelho na China: demanda discreta, queda no comércio exterior, contração da atividade manufatureira, estancamento dos investimentos no setor imobiliário e severos excessos de produção. "As incoerências e riscos acumulados há tempos se fazem sentir mais; a mudança do ritmo de crescimento, as convulsões da reestruturação econômica e a substituição de antigos motores de desenvolvimento por outros novos se entrelaçam", advertiu Li.
As autoridades aplaudem "a nova normalidade" de um crescimento menor mas duradouro e destacam seus esforços para reequilibrar o modelo econômico para os serviços, o consumo interno e as novas tecnologias. Mas este período de transição, com auge no setor terciário (serviços), que representa agora mais da metade do PIB chinês, ainda implica os motores tradicionais do crescimento (setor imobiliário, infraestrutura, exportações).
A mensagem revela que o premier chinês quer "suprimir as capacidades de produção excedentárias", com a reestruturação dos grandes grupos estatais e inevitáveis supressões de postos de trabalho. Ao mesmo tempo, para segurar o alarmante estancamento da atividade, a China manterá sua política monetária, observando "a flexibilidade adequada", e "intensificará suas medidas de reativação orçamentária, especialmente por meio de uma ampliação da isenções fiscais, afirmou Li.
O déficit no orçamento atingirá este ano os 3%, algo em torno de 560 bilhões de iuanes (78 bilhões de euros) suplementares em relação ao ano passado, observou o primeiro-ministro. A taxa de crescimento esperada "contribuirá para orientar as previsões dos mercados e manter sua estabilidade", insistiu o dirigente. Alarmadas com a deterioração do entorno econômico, as Bolsas chinesas sofrem e o iuane cede sob a pressão do dólar.