postado em 12/03/2016 07:02
A presidente Dilma Rousseff admitiu ontem que pode adiar para o segundo semestre o encaminhamento ao Congresso da reforma da Previdência Social. Até agora, a promessa, reiterada várias vezes pelo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, era de que uma proposta seria enviada ao Legislativo até o fim de abril. ;A reforma da Previdência e a recriação da CPMF têm dificuldades, porque são questões complexas, que estamos avaliando;, disse a presidente. ;Temos que discutir com as diferentes forças políticas;, acrescentou.Dilma negou que essa nova postura do governo signifique o enfraquecimento de Barbosa. ;O ministro não esta enfraquecido. Não existe a hipótese de ele deixar o cargo;, afirmou a presidente, em entrevista, no Palácio do Planalto. Para a presidente, rumores sobre o desprestígio do titular da Fazenda ;cria uma crise política absolutamente negativa para a economia.
As maiores críticas à atuação de Barbosa ; em particular à proposta de reforma da Previdência ; têm partido do próprio partido da presidente, o PT, e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na quinta-feira, em São Paulo, lideranças da agremiação se reuniram com Barbosa para manifestar sua insatisfação com a política econômica e as medidas de ajuste fiscal patrocinadas pela Fazenda. Sobre as mudanças na Previdência, o presidente da sigla, Rui Falcão, afirmou que se trata de assunto do qual ele ;nem quer ouvir falar;.
[SAIBAMAIS]Questionada sobre as críticas do PT, Dilma respondeu que ;não se pode ser Joãozinho do passo certo;, sem flexibilidade. ;Temos de ver com as diferentes forças politicas como as coisas se darão;, afirmou.
Mudanças
Ontem, ainda em São Paulo, Nelson Barbosa voltou a defender a necessidade de reformas estruturais para que a economia volte a crescer. Ele afirmou que é possível aprovar medidas no Legislativo mesmo no atual momento de turbulência política. ;O Congresso sempre se dispôs a discutir. Ele tem aprovado as coisas na direção apresentada pelo governo. Existem mudanças aqui e ali, de intensidade, mas, no ano passado, as reformas que encaminhamos foram aceitas, e creio que o mesmo possa acontecer este ano;, disse ele.
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O ministro comentou que tem conversado com o PT e o PMDB sobre vários temas, incluindo a reforma da Previdência. Segundo ele, nesse ponto as divergências são mais sobre a estratégia política de construção da proposta, e não sobre o mérito das mudanças. ;Todos concordam que é preciso preservar a Previdência;, disse ele, após reunião com membros do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).
O encontro, segundo o ministro, fez parte de uma série de reuniões com lideranças políticas, trabalhadores, mercado financeiro e setor empresarial, nas quais o governo apresenta sua estratégia de ações econômicas de curto e médio prazos. ;Estamos ouvindo sugestões sobre onde podemos avançar, independentemente de leis ou de medidas que têm de passar pelo Congresso. Existe uma série de mudanças administrativas, de desburocratização, simplificação, que a gente pode adotar. Vamos trabalhar nisso nas próximas semanas;, afirmou.