Economia

Desemprego sobe, salários caem e renda média recua para R$ 1.944

Taxa do ano passado é a pior desde o início da Pnad Contínua, em 2012, e 1,7 ponto percentual maior do que a de 2014

Rodolfo Costa
postado em 16/03/2016 06:00
Jô Meireles perdeu o emprego como depiladora e agora, para ajudar em casa, trabalha por conta própria

A recessão destruiu o mercado de trabalho. A taxa média de desocupação fechou 2015 em 8,5%, um aumento de 1,7 ponto percentual em relação ao registrado no ano anterior, segundo dados divulgados ontem pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi o pior resultado para o indicador da série histórica, iniciada em 2012. O desaquecimento da economia também provocou, pela primeira vez, a queda do rendimento real. Com o aumento da inflação, diante de um cenário em que as empresas estão corrigindo os salários abaixo do índice de carestia, a média paga aos trabalhadores caiu de R$ 1.947, em 2014, para R$ 1.944, um encolhimento de 0,2%.

O desaquecimento da economia foi tão intenso que nem mesmo as tradicionais contratações temporárias de fim de ano impediram o avanço do desemprego. A taxa de desocupação foi de 9% no último trimestre, contra 8,9% registrados no acumulado dos três meses imediatamente anteriores. O coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, ressaltou que, ao contrário de outros anos, dezembro não apresentou o mesmo desempenho em 2015.

Cerca de 9,1 milhões de pessoas estavam desempregadas no fim do último trimestre do ano passado. No mesmo período de 2014, eram quase 6,5 milhões. Isso significa que, em um ano, 2,6 milhões de brasileiros engrossaram o ;exército de desempregados;. Nesse período, a população ocupada encolheu em 600 mil, ficando em 92,3 milhões pessoas.

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Ao fechamento de postos de trabalho, se somaram o aumento de pessoas que procuravam vaga pela primeira vez ou retornavam ao mercado para complementar renda familiar ; muitas vezes pelo desemprego de um parente. ;Muitas pessoas buscaram oportunidades para repor a perda do poder de compra e da queda de rendimentos que a crise causou;, salientou Azeredo.

A falta de perspectiva de melhora está deixando Bruno de Oliveira Silva, 27 anos, desesperado. Há quatro meses, ele foi dispensado de uma indústria de frios, na qual ganhava R$ 1 mil, e até agora, não conseguiu se recolocar no mercado. Ele tem pressa, pois só receberá seguro-desemprego por mais um mês. Ele conta que procurou vaga de eletricista, vendedor, auxiliar de serviços gerais, operador de caixa, mas até agora só obteve ;não temos vaga; como resposta. ;Já entreguei mais de 50 currículos, não estou escolhendo emprego. Tenho contas e aluguel para pagar e não sei o que fazer;, lamentou.

Em muitos casos, o trabalho por conta própria tem sido a solução para quem deixou de ter carteira assinada. Foi a opção da depiladora Jô Meireles, 26, que não aceitou a redução de salário proposto pela clínica em que trabalhava e foi demitida há um mês. O salário, de quase R$ 2 mil, caiu em cerca de 60%, calcula. ;Estou na luta, tentando ganhar o máximo possível para ajudar meu marido com as contas de casa;, disse.

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