Antonio Temóteo
postado em 17/03/2016 06:00
O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, deve desembarcar do governo Dilma Rousseff com a nomeação de Luiz Inácio Lula da Silva para chefiar a Casa Civil. Alvo constante do fogo amigo do ex-presidente e do PT, por não reduzir os juros, o chefe da autoridade monetária afirmou a interlocutores que não está disposto a permanecer no cargo diante da possibilidade de o Executivo reeditar a nova matriz econômica.
A chegada de Lula ao governo também pode implicar a substituição do ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, por Henrique Meirelles, que teria autonomia para escolher o presidente do BC. Tombini afirmou a auxiliares que esperará os próximos movimentos do governo antes de formalizar a saída para evitar qualquer volatilidade nos mercados.
Ele e Dilma se falaram na tarde de ontem e ficou acertado que o presidente do BC, por enquanto, ficará do posto. Uma possível mudança no comando da autoridade monetária poderia provocar uma debandada de membros do Comitê de Política Monetária (Copom) escolhidos por ele.
[SAIBAMAIS]Os diretores de Política Econômica, Altamir Lopes; de Organização do Sistema Financeiro e Controle de Operações do Crédito Rural, Sidnei Corrêa Marques; de Regulação, Otávio Damaso; de Assuntos Internacionais, Tony Volpon; e de Administração, Luiz Edson Feltrim; foram escolhidos por Tombini e podem entregar os cargos ou ser substituídos com a saída do chefe.
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Diante dos rumores sobre a saída de Tombini, a presidente Dilma afirmou que ele permanece no posto. ;Não tem ninguém nem saindo ou entrando do meu ministério;, garantiu. Ela ainda destacou que as especulações sobre mudanças no BC trazem turbulência para a economia e não devem ser levadas em consideração. ;Ele está mais dentro do governo do que nunca;, emendou a chefe do Executivo.
Repercussões
Na opinião do economista-chefe da Corretora Nova Futura, Pedro Paulo Silveira, a saída de Tombini da autoridade monetária e a chegada de Henrique Meirelles para comandar a Fazenda sinalizariam uma mudança importante e teriam potencial para melhorar as expectativas do mercado.
Para ele, o impacto seria positivo e a escolha de Meirelles apontaria para um rigor maior com as contas públicas e jogaria por terra qualquer possibilidade de reedição na nova matriz econômica. ;Teríamos uma política fiscal mais austera e com mais credibilidade. Quem Meirelles viesse a escolher para o BC também teria respaldo;, afirmou.
Na opinião do economista José Luis Oreiro, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), as mudanças na equipe econômica, entre elas, a saída de Tombini do BC, são uma tentativa do ex-presidente Lula de reeditar as ações tomadas no primeiro mandato. De acordo com Oreiro, Meirelles teria liberdade para escolher os auxiliares, o presidente do BC e o ministro do Planejamento. ;Isso seria uma nova edição da carta ao povo brasileiro, quando Lula, um político de esquerda, garantiu que seguiria a cartilha de direita;, afirmou. O economista explicou que não há espaço para que o governo volte a conceder estímulos econômicos ou abaixar os juros na marra.