Antonio Temóteo
postado em 18/03/2016 06:05
Diante da recessão na economia brasileira, os bancos estão mais restritivos nas concessões de crédito. Com o elevação do desemprego e da inadimplência, as instituições financeiras têm apostado nos refinanciamentos e no alongamento de prazos das dívidas para evitar o aumento do nível de calote. Apesar da estratégia conservadora, os analistas avaliam que a tendência é de alta nos atrasos de pagamento por mais de 90 dias.Dados do Banco Central (BC) apontam que, em janeiro, as concessões de crédito livre para pessoas físicas encolheram 10,8% em relação a dezembro, enquanto a inadimplência subiu para 6,2% do total de contratos, a sétima alta consecutiva. Já o estoque de operações de refinanciamento alcançou a marca de R$ 20,7 bilhões no primeiro mês do ano, uma elevação de 20,7% nos últimos 12 meses conforme as informações da autoridade monetária.
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O economista João Morais, especialista em crédito da Tendências Consultoria, ressaltou que o aumento do desemprego afetou o nível de inadimplência das instituições financeiras, que têm optado por estimular a renegociação de créditos. ;As famílias contraíram dívidas nos últimos anos e agora perderam a capacidade de pagamento. Nesse cenário, há maior cautela para a aprovação de novos financiamentos;, comentou.
Morais entende que, mesmo com a retração na oferta e na demanda por crédito, os calotes devem permanecer em alta pelo menos até o primeiro trimestre de 2017. Ele ressaltou que os indicadores de inadimplência só devem começar a melhorar quando o país voltar a gerar postos de trabalho.
Sinistros
Para a economista-chefe da Coface para América Latina, Patricia Krause, enquanto a crise política não for resolvida, não há perspectiva de mudança no quadro econômico. Ela destacou que as empresas têm sofrido para honrar compromissos. ;O índice de sinistros no mercado de seguros de crédito cresceu 200% em 2015 e os pedidos de recuperação judicial subiram 116% nos dois primeiros de 2016;, disse.