Economia

Cautela com política aumenta e juros futuros sobem nos prazos longos

As taxas já iniciaram o dia pressionadas para cima, em repercussão à decisão do ministro do STF Teori Zavascki de tirar do juiz Sérgio Moro e devolver à Corte os processos que envolvem o ex-presidente Lula

Agência Estado
postado em 23/03/2016 18:07

O noticiário político voltou a determinar a direção das taxas de juros negociadas no mercado futuro nesta quarta-feira (23/3). Os fatos mais recentes aumentaram as incertezas dos investidores em relação ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, o que justificou o aumento dos prêmios, principalmente nos contratos com vencimentos mais longos. Nos vencimentos curtos, as taxas ficaram praticamente estáveis, influenciadas pela desaceleração da inflação medida pelo IPCA-15 de março.

As taxas já iniciaram o dia pressionadas para cima, em repercussão à decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki de tirar do juiz Sérgio Moro e devolver à Corte os processos que envolvem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A vitória parcial de Lula na batalha jurídica em torno das investigações que o envolvem enfraqueceu as apostas no impeachment da presidente Dilma e pressionou também o dólar, que subiu além de 2% durante todo o dia.

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Já a desaceleração do IPCA-15, que recuou de 1,42% em fevereiro para 0,43% em março, foi um contraponto que conteve as taxas dos vencimentos mais curtos. A desaceleração reforça a teoria de que a recessão econômica provocará efeitos desinflacionários. Por consequência, a inflação menor alimenta apostas em um afrouxamento monetário, embora o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, tenha descartado essa possibilidade no curto prazo, em discurso no Senado, na ontem.

Também tiveram influência no mercado as notícias relacionadas à Odebrecht. Horas depois da notícia da adesão dos executivos da construtora à delação premiada foram reveladas listas com nomes de mais de 200 políticos, de 18 partidos, que teriam recebido doações do grupo. Os documentos foram apreendidos ontem na 26; fase da Lava Jato.

O mercado recebeu com cautela os dados da lista, devido à incerteza quanto à legalidade das contribuições. De todo modo, a ausência do nome de Michel Temer na lista gerou certo alívio, por não indicar inviabilização da substituição da presidente pelo vice. As delações da Odebrecht, no entanto, ainda nem começaram e podem trazer elementos novos ao cenário.

Ao final dos negócios na BM, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em julho de 2016 fechou com taxa de 14,08%, contra 14,07% do ajuste de ontem. O vencimento de janeiro de 2017 terminou em 13,72%, ante 13,71%. O DI para janeiro de 2018 subiu de 13,31% para 13,42% e o de janeiro de 2021 saltou de 13,61% para 13,85%.

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