Os gastos dos brasileiros no exterior encolheram 55% nos dois primeiros meses do ano, para US$ 1,7 bilhão, conforme dados divulgados ontem pelo Banco Central (BC). Foi é o valor mais baixo para o período desde 2009. O encarecimento do dólar, o aumento do desemprego, a queda da renda e a falta de confiança dos consumidores para contratar financiamentos mais longos para custear os passeios explicam a queda nas despesas com viagens internacionais.
Os dados ainda apontam que, no primeiro bimestre, os gastos de estrangeiros no Brasil cresceram 14,7%, totalizando US$ 1,2 bilhão. Com o real desvalorizado, os gastos com hospedagem no país ficaram mais baratos para os turistas de outras nacionalidades. O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, lembrou que o preço médio do dólar, que era de R$ 2,70 nos dois primeiros meses do ano passado, chegou a R$ 3,94 no mesmo período de 2016.
No caso dos turistas brasileiros, observou Maciel, o aumento de 25% nos impostos para agências de turismo também prejudicou a venda de pacotes de viagem. Em fevereiro, após pressão do setor, a alíquota foi reduzida para 6%. ;As viagens internacionais são influenciadas pelo câmbio, pela queda na renda e pelo temor dos brasileiros em assumir compromissos futuros para custear os passeios;, comentou.
Segundo o BC, neste mês, até o dia 21, os brasileiros já haviam gastado US$ 928 milhões em viagens para o exterior, enquanto as despesas dos estrangeiros no país totalizaram
US$ 377 milhões. Maciel destacou não há uma explicação simples para o aumento dos desembolsos, mas ressaltou que algumas pessoas podem ter aproveitado a queda no preço do dólar neste mês para viajar.
Volatilidade
O casal de aposentados Mônica Almeida, 50 anos, e Taustino Almeida, 58, viajará para o México na próxima semana. Desde o início da programação do passeio, eles acompanham diariamente a variação no custo do dólar para conseguir comprar pelo menor preço. ;Nós costumávamos viajar todo ano para o exterior, mas essa rotina mudou bastante com a moeda tão cara;, contou Mônica. Os passeios só não diminuíram porque a filha mora nos Estados Unidos. ;Não precisamos pagar hospedagem. Se tivéssemos de gastar com hotel, certamente não iríamos;, afirmou Taustino.
Para Myrian Lund, planejadora financeira e professora da Fundação Getulio Vargas (FGV), as viagens ao exterior continuarão salgadas enquanto a crise política não for resolvida. Ela explicou que a volatilidade nos preços da moeda norte-americana torna a programação dos passeios mais difíceis e cara. Myrian destacou que os viajantes devem comprar a divisa aos poucos para evitar pagar taxa muito alta.
As agências de viagens apostam nas promoções para não perder negócios. A CVC, maior operadora das Américas, passou a oferecer uma taxa de câmbio reduzida para os clientes. Diariamente, a empresa acompanha a cotação das moedas e oferece nas lojas um preço mais em conta. Apesar dos esforços das companhias, o setor deve registrar queda de 15% nas vendas em 2016.
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