Agência Estado
postado em 25/03/2016 08:14
O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, admitiu ontem à noite, em entrevista ao canal NBR, que a instabilidade política tem impacto na economia, principalmente no que diz respeito às expectativas, e fez um apelo por um debate "mais civilizado e educado". "Se a gente conseguir, e estamos trabalhando para estabilizar também a situação política, a recuperação econômica é mais rápida. Uma recuperação mais rápida ajuda a diminuir a temperatura e a polarização do debate político, mas essa é uma via de mão dupla", afirmou.Leia mais notícias em Economia
"Um debate político mais civilizado e educado também ajuda muito na recuperação da economia. Acho que está na hora de a gente poder sentar na mesa, mesmo que as pessoas tenham opiniões divergentes, e poder dialogar. Um debate em que todo mundo grita e ninguém ouve ninguém não vai resolver problema nenhum."
O ministro afirmou esperar que a inflação encerre o ano "menor que 7%". Ele não fez qualquer menção ao fato de que, se essa previsão se concretizar, a inflação vai estourar o teto da meta pelo segundo ano consecutivo. Em 2015, a inflação oficial, medida pelo IPCA, ficou em 10,67% ao ano. A meta de inflação é de 4,5% ao ano, com tolerância de até 6,5%. "Muito provavelmente vamos ter uma inflação neste ano menor que 7%, se continuar a tendência das últimas semanas, o que significa uma redução de quase 4 pontos (porcentuais) em relação ao que ocorreu no ano passado", afirmou o ministro.
"Isso significa maior poder de compra para os trabalhadores e famílias brasileiras, que se sentirão mais seguros para poder voltar a consumir e fazer suas compras usuais, eventualmente adiadas diante desse cenário de incerteza", acrescentou.
Para o ministro, já há sinais mais favoráveis em relação ao comportamento da inflação nas últimas semanas. Segundo ele, o IPCA veio abaixo das expectativas do mercado, o que deve levar os economistas a reduzir suas projeções para o ano.
Barbosa disse ainda esperar que os projetos que o governo enviou nesta semana ao Congresso possam ser aprovados em até um mês e meio. Entre eles, está o pacote de renegociação da dívida dos Estados, a criação de um teto para a despesa com pessoal para União e Estados, a mudança da meta fiscal, ampliando as possibilidades de abatimento, e a criação de depósitos remunerados no Banco Central.
"Achamos que essas medidas podem ser aprovadas no prazo de um mês ou um mês e meio, talvez até antes", disse. Segundo o ministro, alguns parlamentares mostraram disposição para começar a analisar e votar alguns desses projetos já na próxima semana.