Com o aprofundamento da recessão, o reajuste salarial médio dos trabalhadores em 2015 despencou, registrando os piores resultados dos últimos 11 anos. O ganho real, acima da inflação, foi de 0,23%, ante 1,34% em 2014.
Os números não eram tão ruins nas negociações salariais desde 2004, quando essa variação ficou positiva em 0,61%, segundo dados revelados ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Somente 52% dos reajustes tiveram ganho real.
Dos três setores pesquisados no balanço, incluindo 708 empresas, os trabalhadores da indústria continuaram os mais prejudicados. Apenas 45% dos salários foram corrigidos acima dos 11,28% registrados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Já entre os empregados no comércio, 53% das negociações resultaram em ganhos reais, o mesmo resultado obtido por 62% das categorias do setor de serviços.
O resultado foi menos desfavorável em serviços devido ao menor impacto da crise. Além disso, houve concentração das negociações salariais no primeiro semestre, quando a situação econômica do país ainda não era tão ruim.
;Essa queda brusca é explicada pela piora do cenário econômico em 2015, uma conjuntura que ficou bem negativa com o aumento da inflação, alta dos juros e a forte retração na atividade, acelerando o desemprego;, comentou José Silvestre Prado de Oliveira, coordenador de Relações Sindicais do Dieese.
Responsável pela pesquisa, Silvestre espera que a situação tenha piora mais suave em 2016. ;Os dados iniciais revelam uma possível redução no ritmo da aceleração do desemprego;, disse ele.
Ele destacou a perspectiva de queda na taxa básica de juros, a Selic, além da desvalorização do real. São dois fatores que podem beneficiar setores da indústria que concorrem, aqui e no exterior, com produtores globais.
Silvestre apontou que a perda salarial foi mais acentuada, ao se comparar com 2014, quando cerca de 90% das faixas salariais conseguiram aumento acima da inflação.
O Centro-Oeste ficou entre os piores desempenhos nos reajustes negociados, com 26% dos salários abaixo do INPC, e 54% com ganhos reais.
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