Economia

Negociação de dívida de empresas e famílias com bancos atinge recorde

Pessoas físicas conseguiram rever as condições de pagamento de R$ 27,4 bilhões em empréstimos. Para Banco Central, instituições devem oferecer facilidades a quem está com débitos em atraso para evitar calote

Rodolfo Costa
postado em 08/04/2016 06:05


Sem condições de pagar as dívidas em dia, empresas e famílias estão recorrendo aos bancos em busca de renegociação de débitos para não entrar na lista de maus pagadores. Segundo o Banco Central (BC), somente as pessoas físicas já renegociaram R$ 27,4 bilhões até fevereiro, saldo sem precedentes. Na avaliação do diretor de Fiscalização do BC, Anthero Meirelles, ou os bancos oferecem melhores condições para os devedores, ou terão que lançar perdas em seus balanços.

[SAIBAMAIS]Essas operações diferenciadas de renegociação são conhecidas como reestruturações de crédito, e têm aumentado. Para empresas, subiram de 1,2% do total em 2014 para 1,4% em 2015. Para consumidores, o avanço foi de 2,1% para 2,4% no mesmo período. Pelas contas de Meirelles, se não fosse pelas reestruturações, a inadimplência média do sistema financeiro teria sido 0,7 ponto percentual maior do que os 3,4% registrados pelo BC no ano passado, fechando em 4,1%.

;Mesmo em um ambiente econômico de maior aperto, é normal a renegociação aumentar de intensidade. Mas são operações sem nenhuma característica especial. Uma empresa, por exemplo, transforma uma dívida curta, para capital de giro, em uma mais longa. A reestruturação reflete a dificuldade das pessoas de pagar as dívidas. Ela acontece em condições que os bancos não renegociariam de maneira normal. As instituições reduzem taxas de juros e até abrem mão de parte do que teriam a receber para evitar prejuízos;, sustentou Meirelles.

Insucesso
Apesar das negociações para amenizar as perdas, os bancos não estão conseguindo segurar o aumento do calote. Em 12 meses, a inadimplência na carteira de crédito renegociado subiu 1,4%, ficando em 17,9% em fevereiro ; a maior taxa desde dezembro de 2014. O pior, no entanto, ainda está por vir, avaliam analistas. Em anos anteriores, quando o Produto Interno Bruto (PIB) crescia, renegociar crédito era uma saída para os consumidores se livrarem de uma dívida cara.

Agora, com o aprofundamento da recessão, a tendência é de que mais consumidores não consigam honrar os compromissos do empréstimo. ;O aumento da renegociação está diretamente ligado à queda da atividade. Em uma economia desaquecida, o desemprego vai aumentar e menos consumidores terão renda para honrar as dívidas;, avaliou o diretor de Pesquisas Econômicas da GO Associados, Fábio Silveira.

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