Economia

Bolsa de Valores salta 3,66% com avanço do impeachment

Investidores mostram otimismo com a possibilidade de mudança do governo. Dólar se mantém estável e só não tem queda forte por causa da intervenção do Banco Central, que despejou US$ 8 bilhões em contratos de compra futura da moeda

Simone Kafruni, Antonio Temóteo
postado em 13/04/2016 06:00


O aumento da possibilidade de impeachment da presidente Dilma Rousseff continua a animar o mercado. Ontem, a Bolsa de Valores de São Paulo (BM) disparou 3,66% e terminou o dia aos 52.002 pontos ; o maior patamar desde 17 de julho de 2015. Já o dólar encerrou o pregão em estabilidade, cotado a R$ 3,495, mesmo com uma intervenção maciça do Banco Central no mercado, que funcionou no sentido de valorizar a moeda norte-americana. A autoridade monetária negociou 160 mil contratos de swap cambial reverso, operação que equivale à compra futura da divisa, num movimento que chegou a US$ 8 bilhões. Hoje, serão ofertados mais 80 mil contratos, ou US$ 4 bilhões.

Na opinião do economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, os índices refletiram o entusiasmo do mercado com a decisão da comissão especial do impeachment de aprovar a continuação do processo por 38 votos a favor e 27 contra. ;A vitória da oposição com margem folgada foi melhor do que o esperado pelos oposicionistas. Há espaço para, de fato, a decisão ser ratificada pelo plenário da Câmara no domingo;, analisou. Se isso ocorrer, caberá ao Senado decidir se abre ou não o julgamento da presidente por crime de responsabilidade.

Impactos

O especialista alertou, contudo, que é preciso cautela. ;Em dólares, a bolsa subiu 36,31% este ano. É uma alta muito expressiva, a maior dos mercados emergentes, porque os investidores estão entusiasmados com o impeachment. Mas está subindo muito rápido. Daqui a pouco, abre-se um espaço para realização de lucros e ela pode cair bem;, explicou.

O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, assinalou que a bolsa está sofrendo dois impactos positivos. ;Além do cenário político, houve um aumento de compra de aço na China e o minério de ferro fechou com alta de quase 4,5%, pelo segundo dia seguido. Isso bombou as ações de siderúrgicas;, afirmou. A maior alta do dia foi da Siderúrgica Nacional, com 21% de valorização nos papéis. Usiminas e a mineradora Vale registraram altas acima de 11%.

Além disso, os papéis da Petrobras subiram por conta da elevação do petróleo no mercado internacional, sublinhou Agostini. ;O barril passou de US$ 40 porque Rússia e Arábia Saudita concordaram em congelar a produção, mesmo sem a participação do Irã;, disse. As ações ordinárias da da Petrobras subiram 8,10% e as ordinárias, 8,83%.

Os juros futuros também foram influenciados pelo avanço do processo de impeachment. As taxas terminaram o dia em queda, sobretudo nos prazos intermediário e longo. O contrato para janeiro de 2017 caiu para 13,75% ao ano, ante 13,76% no ajuste de ontem. O vencimento de janeiro de 2021 passou de 13,57% para 13,48% e o de janeiro de 2025 recuou de 13,86% para 13,72%.

O dólar se manteve abaixo dos R$ 3,50, apesar da atuação da autoridade monetária. Para Carlos Thadeu de Freitas Gomes, ex-diretor do Banco Central e economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), o BC não pode deixar o preço da moeda norte americana cair muito. ;Isso prejudicaria a atividade econômica e as exportações. Quando volta a subir, o dólar pressiona a dívida pública. O que o BC quer, com essas operações, é evitar a volatilidade excessiva;, afirmou.

Sem a atuação do BC, o dólar teria despencado ontem, afirmou o economista-chefe da Itaim Asset, Ivo Chermont. ;Os swaps do BC foram intervenções muito fortes. No início do pregão, a moeda deu um salto de 1%. Mas, como o mercado está otimista com o impeachment, foi difícil segurar o tombo;, disse.

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