Economia

Sem impeachment, desempenho do país será pior, afirmam especialistas

Pela projeção do Fundo Monetário Internacional, o país terá o pior desempenho entre as principais economias avaliadas

Rosana Hessel
postado em 13/04/2016 13:32
O Fundo Monetário Nacional (FMI) aprofundou, mais uma vez, as previsões de queda do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para este ano, colocando o país novamente na lanterna do crescimento global. A atualização do relatório Panorama Econômico Global, que será apresentada durante o Encontro de Primavera, em Washington, prevê retração de 3,8% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro neste ano. Em janeiro, a previsão era de recuo de 3,5%.

No relatório semestral do Banco Mundial, apresentado ontem, a estimativa é de uma retração na atividade brasileira de 3,5%. Segundo o economista-chefe para a América Latina e o Caribe da instituição, Augusto de la Torre, as incertezas existentes no Brasil tornam ;muito difícil; prever quando o país sairá da recessão em que mergulhou em 2014.

[SAIBAMAIS]De acordo com a projeção do FMI, o Brasil registrará o pior desempenho entre as principais economias avaliadas, inclusive os países do Brics. Pelo relatório, a Rússia recuará 1,8%; enquanto China, Índia e África do Sul crescerão 6,5%, 7,5% e 0,6%, respectivamente.

A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, cobrou a continuidade das reformas estruturais e mais estímulos fiscais para o crescimento global. Há algum tempo, ela vem alertando sobre o aumento da fragilidade dos países emergentes devido à forte queda dos preços das commodities, tanto que o Fundo reduziu de 4,3% para 4,1% a previsão de crescimento das economias em desenvolvimento em 2016. Para o ano que vem, a expansão passou de 4,7% para 4,6%.

Na opinião do economista e consultor Alexandre Schwartsman os fatos descartam que a crise global seja responsável pelo encolhimento do país. ;O Brasil está descolado do resto do mundo, que continua crescendo, média, acima de 3% desde a crise financeira global de 2009. As demais nações estão na mesma toada de sempre, menos o Brasil. O país não cresce devido a problemas domésticos;, resumiu.



Descontrole
Esses problemas, segundo ele, têm como origem principal o descontrole das contas públicas e as maquiagens contábeis do governo da presidente Dilma Rousseff, que minaram a confiança dos investidores e dos empresários e ajudaram o país a entrar em recessão. A consequência disso foi a perda do poder de compra do brasileiro que vai fazer o país retroceder ;mais de uma década;. ;A renda per capita atingiu seu pico em 2014, e, se o país voltar a crescer a partir de 2019 algo em torno de 2% ao ano, o país vai recuperar esse patamar apenas em 2027;, alertou o ex-diretor do Banco Central.

Silvio Campos Neto, economista-sênior da Tendências Consultoria, contou que trabalha com 70% de possibilidade de a presidente sair. Nesse caso, o PIB brasileiro deve recuar 4%, este ano. Mas, se ela ficar, a retração poderá chegar a 6%. Pelas contas do economista, isso equivale a uma recessão de 10,9% em três anos, algo que o Brasil nunca viu. ;A estagnação da economia em 2014 já sinalizou que era fim de festa do modelo econômico que privilegiou o consumo. Os desequilíbrios ficaram mais fortes em 2015 e a conta chegou;, explicou. Se Dilma continuar no poder, a expectativa do economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, é de que a retração do país possa atingir 4,9%.

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