As principais economias do mundo reunidos no G20 reagiram nesta sexta-feira (15/4) aos ;Panama Papers; exigindo uma lista negra de paraísos fiscais e a identificação, sob pena de sanções, de quem se esconde por trás de empresas de fachada.
Em um projeto de declaração do G20, ao qual a AFP teve acesso nesta sexta-feira, os ministros das Finanças expressam sua decisão de preparar para julho deste ano uma lista de "jurisdições que não cooperam em matéria de transparência fiscal", em uma clara mensagem aos paraísos fiscais.
Leia mais notícias em Economia
"Medidas defensivas serão consideradas pelos membros do G20 contra jurisdições não cooperantes", diz o documento.
Esta é a reação mais forte à divulgação dos chamados ;Panama Papers;, que revelaram um enorme sistema de evasão fiscal de empresas de fachada para esconder seus verdadeiros beneficiários.
As cinco maiores economias europeias - Alemanha, Reino Unido, Espanha, França e Itália - pediram formalmente na quinta-feira aos ministros das Finanças do G20 que adotem essa oposição.
A reunião ministerial do G20, que inclui México, Brasil e Argentina, corre paralela à reunião do Fundo Monetário Internacional, em Washington.
O documento ao qual a AFP teve acesso menciona claramente que para o G20 "melhorar a transparência" das empresas offshore é "vital para proteger a integridade do sistema financeiro internacional".
Também é a chave para a prevenção do uso desses mecanismos para "corrupção, evasão fiscal, financiamento de atividades terroristas e lavagem de dinheiro".
Pressões de todos os lados
Mais cedo, o comissário europeu Pierre Moscovici declaroy durante uma pausa da reunião do G20 que "os Panama Papers criaram uma onda de choque, que constitui uma circunstância favorável para avançar".
Por sua vez, o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schaeuble, declarou que espera "que todos os países europeus se unam para elevar a proposta a uma escala global".
O escândalo fez mais uma vítima nesta sexta-feira, com a renúncia do ministro espanhol da Indústria, José Manuel Soria, cujo nome apareceu nos documentos vazados do escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca.
Veículos da mídia local afirmaram na quinta-feira que o ministro teve até 2002 uma sociedade no paraíso fiscal de Jersey.
O escândalo também envolve numerosos políticos e empresários de todo o mundo, incluindo o novo presidente da Argentina, Mauricio Macri, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, entre outros.
Os documentos já levaram à renúncia do primeiro-ministro da Islândia, Sigmundur Gunnlauggsson, que detinha contas secretas em paraísos fiscais.
Na quinta-feira, o Panamá reagiu ao escândalo, expressando sua vontade ao diálogo e para implementar reformas para evitar a evasão fiscal.
Neste sentido, prometeu supervisões mais exaustivas dos escritórios de advocacia que operam no país para evitar a lavagem de dinheiro e a evasão fiscal.
Para as principais economias europeias (Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália e Espanha), "as revelações mostram a importância do combate à evasão fiscal (...) e lavagem de dinheiro", segundo nota divulgada pela os países que formam o chamado G5.
Por sua vez, George Osborne, ministro das Finanças britânico, considerou ser necessário atacar "aqueles que escondem sua evasão fiscal nos cantos escuros do sistema financeiro."
Enquanto isso, ao abrir os trabalhos nas reuniões anuais na capital americana, o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, não fez rodeios ao se referir ao escândalo, dizendo que a evasão fiscal afeta diretamente a luta contra a pobreza.
"Quando impostos e taxas não são pagos, quando os ativos estatais são tomados e colocados nesses paraísos, essas coisas podem ter um enorme impacto negativo na nossa missão de acabar com a pobreza e promover a prosperidade", disse ele.