Agência France-Presse
postado em 25/04/2016 13:18
A Arábia Saudita anunciou nesta segunda-feira a criação do maior fundo soberano do mundo e a cotação na bolsa da petroleira estatal Aramco, como parte de um plano de reforma de sua economia para reduzir a dependência do petróleo. "Planejamos estabelecer um fundo soberano de 2 trilhões de dólares como parte dos ativos que serão obtidos com a venda desta pequena fração da Aramco", afirmou o vice-príncipe herdeiro Mohamed ben Salman em entrevista concedida ao canal Al Arabiya.A entrevista foi dada depois que o Conselho de Ministros saudita aprovou um vasto plano de reformas para diversificar a economia do reino, muito dependente do petróleo, segundo informou a agência oficial SPA. O plano, batizado de "Visão Saudita com perspectiva até 2030", muito esperado nos meios empresariais e financeiros do reino, foi aceito pelo Conselho de Ministros em sua reunião semanal presidida pelo rei Salman.
[SAIBAMAIS]O vice-príncipe herdeiro afirmou que o fundo soberano é o maior do mundo. O jovem vice-príncipe de 30 anos, encarregado da aplicação do novo plano, defende que a abertura da Aramco ao capital local e estrangeiro vai assegurar a transparência da gestão.
"Vendendo apenas 5% da Aramco, faremos o maior lançamento do mundo na bolsa", enfatizou. O objetivo das reformas é diversificar a economia do reino, muito dependente do petróleo e prejudicada pelo baixo nível de seus preços. Para o vice-príncipe herdeiro, este plano tem como objetivo que seu país possa viver sem depender do petróleo até 2020.
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O plano também inclui privatizações e reformas para melhorar a eficiência. "Na Arábia Saudita desenvolvemos uma dependência do petróleo e isso é perigoso e prejudicou o desenvolvimento de muitos setores nos últimos anos", afirmou Ben Salman.
Durante décadas, a Arábia Saudita, o maior exportador do mundo, desfrutou da enorme renda petroleira concedida por suas reservas facilmente exploráveis. Com estas receitas, o país conta com enormes reservas para sua economia e fornece aos seus 28 milhões de habitantes um sistema estatal generoso, muitos benefícios sociais e serviços subsidiados.
Economia vulnerável
Mas os analistas advertiram que o sistema saudita, que obtém do petróleo cerca de 70% das receitas estatais, é muito burocrático e ineficiente, o que faz com que a economia seja vulnerável.
A queda dos preços do petróleo, que passaram a operar perto dos 100 dólares o barril no início de 2014 para um nível de 40 dólares este mês, acentua ainda mais essas ameaças.
Em 2015, Riad registrou um déficit recorde e, para este ano, calcula que faltarão 87 bilhões de dólares para equilibrar orçamento e por isso o governo decidiu estabelecer uma alta de seus preços nunca vista antes, de até 80%, impondo, além disso, cortes dos subsídios para a eletricidade e outros serviços.
No reino, onde a política é ferrenhamente controlada pela monarquia, emergem vozes críticas nas redes sociais, ante a crescente preocupação sobre a situação financeira. As reservas fiscais também caíram em seu pior nível dos últimos quatro anos em 2015, a 611,9 bilhões de dólares.
No entanto, estas reservas continuam entre as mais altas do mundo e a atual queda dos preços do petróleo se deve em grande parte à estratégia impulsionada por Riad na OPEP (Organização de Países Exportadores de Petróleo) de inundar o mercado para evitar a entrada de competidores como os produtores de gás de xisto americanos.