Jornal Correio Braziliense

Economia

Em 4 meses, nenhum projeto da Fazenda foi aprovado no Congresso

Com a crise política e o processo de impeachment de Dilma dominando as discussões no Legislativo, as propostas apresentadas com pedido de prioridade e anunciadas com destaque por Barbosa têm trâmite arrastado na Casa



Segundo plano
Para o secretário de Política Econômica da Fazenda, Manoel Pires, é evidente que o debate político colocou a agenda econômica em segundo plano. "Na conversa com parlamentares, é muito claro que é preciso passar essa confusão política para que as medidas sejam analisadas", disse ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

Ele pondera que a Fazenda também atuou com propostas que não dependem do aval do Congresso, como no setor elétrico, na área de infraestrutura e no setor imobiliário. Pires destaca a importância do entendimento quase consensual de que o País precisa avançar na agenda fiscal proposta por Barbosa Segundo ele, o atraso na tramitação das medidas pode ser prejudicial à economia, mas já há indicativos de que pautas como a mudança da meta vão avançar tão logo a discussão política seja superada. "O trabalho não para. Todo o trabalho tem sido feito e vai continuar sendo feito", ressaltou.

Indefinição
Outra proposta de Barbosa, que busca aperfeiçoar o sistema de pagamento de precatórios, foi apresentada com a promessa de um incremento de R$ 12 bilhões ao resultado do governo. Mais de dois meses depois, não há nem sequer uma definição dos relatores que vão elaborar os pareceres nas comissões temáticas. Também aguarda análise a medida que permite o uso de parte do FGTS como garantia para obtenção de crédito consignado.

Na avaliação do líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), Barbosa fez o que era possível. "O presidente da Câmara (Eduardo Cunha), numa articulação com a oposição, só colocou na pauta o golpe", afirmou, repetindo o discurso petista de desagravo a Dilma no processo de impeachment.

O líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), discorda. "A base do governo sempre foi majoritária para aprovar medidas, mas se recusava a evoluir nas propostas do governo. É o retrato da erosão da autoridade da presidente Dilma", disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.