Agência Estado
postado em 20/05/2016 15:29
Os sindicatos de petroleiros rechaçaram a indicação do ex-ministro Pedro Parente para a presidência da Petrobras, confirmada na quinta-feira (19/5). Em nota, a Federação Única dos Petroleiros (FUP), que reúne 14 sindicatos no país, classificou de "inadmissível" a escolha do novo executivo, considerado "ultraliberal" e criticado pela gestão do apagão, em 2001. Já a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), que reúne cinco sindicatos, criticou o "aprofundamento da privatização" da empresa. Em ao menos sete unidades da estatal no litoral de São Paulo, os sindicalistas fizeram atrasos nos turnos nesta manhã em protesto contra a crise na empresa.A mobilização afetou a Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em Cubatão, o Terminal Marítimo de São Sebastião, a Unidade de Tratamento de Gás de Caraguatatuba (UTGCA), além de outros três terminais logísticos para recebimento de petróleo e a sede administrativa. De acordo com o Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista (Sindipetro-LP), a mobilização durou cerca de duas horas e buscava discutir com os operários a situação da empresa.
"Discutimos questões recentes, como a mudança na presidência, o Plano de Demissões Voluntárias (PDV), a venda de ativos da empresa, suspensão do benefício de farmácia, entre outros temas. Estamos vivendo uma tentativa de retrocessos nos direitos do trabalhador e temos a preocupação que a próxima proposta seja ainda pior", afirmou Tiago Nicolini Lima, diretor do sindicato.
[SAIBAMAIS]Em nota, o sindicato criticou a substituição "aparentemente ingênua" no comando da empresa, considerada uma "ofensiva neoliberal". "Tal gestão seria na realidade o aprofundamento da privatização da companhia em todos os níveis. O que está em jogo não são apenas nossos direitos e empregos, são os maiores patrimônios deste país: o pré-sal e a Petrobras", diz o comunicado, ligado à FNP.
A federação ainda destacou, em nota, que Pedro Parente é alvo de duas ações de reparação de danos por improbidade administrativa na sua gestão como ministro da Casa Civil do governo FHC. "As ações, apresentadas pelo Ministério Público Federal, questionam assistência financeira no valor de R$ 2,97 bilhões do Banco Central aos bancos Econômico e Bamerindus, em 1994, dentro do Proer - programa que socorreu bancos privados com recursos públicos", informa o comunicado.
Prejuízo
Já a FUP, principal entidade sindical da categoria e ligada à Central Única dos Trabalhadores (CUT) e ao PT, rechaçou a indicação do ex-ministro e criticou sua gestão na Câmara de Gestão da Crise Energética, durante o período de racionamento de energia, em 2001. "Sob a chancela de Pedro Parente, a Petrobras teve que assinar contratos de parceria com o setor privado para construção de usinas termelétricas, entre 2000 e 2003, onde se comprometeu a garantir a remuneração dos investidores, mesmo que as empresas não dessem lucro. A chamada ;contribuição de contingência; gerou prejuízos de mais de US$ 1 bilhão à Petrobras", informou comunicado.
A federação classifica o episódio como "um dos maiores escândalos" do governo de FHC. "Não é com um gestor desse perfil que a Petrobras sairá da crise. O perfil ultraliberal de Pedro Parente o descredencia por completo para assumir o comando de uma empresa estatal que tem sido a âncora do desenvolvimento e das políticas públicas estruturantes do país. Sua nomeação está na contramão das lutas travadas pelos trabalhadores para evitar o desmonte do Sistema Petrobras", conclui o comunicado.