Antonio Temóteo
postado em 26/05/2016 06:00
A definição do limite para o crescimento das despesas primárias abrirá uma guerra por verbas orçamentárias entre os ministérios. Como os gastos públicos terão como base os do ano anterior, considerando a inflação como teto geral para a expansão, as diversas pastas precisarão tornar as ações mais eficientes para evitar desperdícios. A tendência é que o embate por recursos seja duríssimo, já que o presidente interino escolheu ministros que são caciques em seus partidos.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, já avisou que, mesmo sem a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita o crescimento de gastos até agosto, enviará ao Congresso Nacional uma proposta orçamentária para 2017 que se enquadrará nessa premissa. O Executivo tem até o dia 31 de agosto para entregar ao parlamento o Projeto de Lei Orçamentária Anual (Ploa).
Com isso, o embate não se limitará às discussões da junta orçamentária para definir as receitas que serão transferidas para cada pasta e ocorrerão na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, com a votação do Ploa. Será espinhosSa a missão de Temer; Meirelles; o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha; e o ministro interino do Planejamento, Dyogo de Oliveira. Caberá a eles conciliar os diversos interesses e evitar uma ruptura da base aliada.
Outra frente de batalha do governo será com os servidores públicos federais, ávidos por reajustes salariais com aumentos reais. As diversas categorias já prometeram ir para as ruas caso o Executivo não se disponha negociar as revisões nos contracheques. O secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Sérgio Ronaldo da Silva, alertou que as associações e sindicatos filiados se reunirão na própria semana para analisar as propostas de Temer e organizar uma agenda de atos contra perdas de direitos.
Lupa
Na avaliação do economista Jorge Arbache, professor da Universidade de Brasília (UnB), após a equipe econômica definir as primeiras ações para limitar o crescimento dos gastos e tentar reforçar o caixa do Tesouro Nacional, será necessário analisar com lupa cada despesa em execução. Segundo ele, somente após esse trabalho será possível definir que gastos podem ser cortados, que programas precisam ser aperfeiçoados ou até mesmo descontinuados. ;Esse elemento será importante a curto prazo para melhorar o planejamento fiscal, mas demanda tempo para análise;, destacou.
Arbache alertou que a avaliação dos gastos públicos também influenciará as decisões do Executivo para aumentar impostos. Com diagnostico preciso, explicou ele, é possível reduzir a necessidade de elevação da carga tributária. ;Todas essas medidas terão impactos de curto, médio e longo prazo e implicarão na redução da dívida pública;, detalhou.
Para o economista Antônio Correa de Lacerda, sócio da MacroSector Consultoria, a visão de política fiscal do governo, além de abrir espaço para brigas políticas, é parcial. Ele destacou que o foco da equipe econômica tem sido quantitativo, para limitar o crescimento de gastos, e não qualitativo, para tornar o estado mais eficiente. ;A política econômica também tem um papel anticíclico e isso precisa ser conciliado com a agenda de ajustes. Com recessão, o ajuste nas contas públicas contribui para queda do PIB e isso afeta ainda mais arrecadação;, detalhou.
Ele defendeu que o governo ouse para tornar o estado mais eficiente, além de priorizar os investimentos públicos com potencial para ajudar a retomada do crescimento e da geração de empregos. ;Também precisamos ousar na política monetária para abrir espaço para a política fiscal. Gastar tanto com juros torna nosso país pouco atraente;, disse.
A matéria completa está disponível , para assinantes. Para assinar, .