Economia

Dívida pública cai porque investidor pede juro alto

Incertezas políticas fazem aumentar o prêmio dos títulos do Tesouro e o governo fica sem condições de se refinanciar. Queda do endividamento chega a 3,01% em abril

Rodolfo Costa
postado em 28/05/2016 08:02
O governo está ficando sem condições de se refinanciar. Por conta das incertezas políticas, os investidores pedem juros cada vez mais altos para os títulos públicos, o que obriga o Tesouro a negar a venda e aumentar os resgates. Por isso, a dívida pública do governo federal caiu 3,01% em abril. O estoque passou de R$ 2,886 trilhões, no mês anterior, para R$ 2,799 trilhões, segundo dados divulgados ontem pelo Tesouro Nacional. As emissões da Dívida Pública Federal corresponderam a R$ 52,74 bilhões. Já os resgates somaram R$ 161,33 bilhões, gerando em um resgate líquido de R$ 108,6 bilhões.

Para os especialistas, apesar da redução na dívida, a notícia não é boa. A União precisou resgatar a maior parte dos papéis que venceram no último mês porque, com aversão ao risco, os investidores pediram juros muito altos para financiar o governo e o Tesouro preferiu não pagar os prêmios exigidos.

O coordenador-geral de Operação da Dívida Pública do Tesouro, Leandro Secunho, negou, contudo, que o governo esteja com dificuldades de negociar os títulos. Ele destacou que os volumes vendidos no estoque são elevados, principalmente os prefixados, motivo pelo qual a dívida caiu no mês. ;Não há dificuldades. A redução ocorreu por conta de um vencimento elevado de títulos prefixados no mês, conforme já era esperado;, explicou.

Leia mais notícias em Economia

As medidas anunciadas pelo governo ; como o estabelecimento de um teto para os gastos públicos ; geraram um cenário positivo, reforçou Secunho. ;Temos visto demandas relevantes para os nossos leilões. Existe uma expectativa em relação a essas medidas e também em relação ao governo;, justificou.

O professor de economia da Unicamp Geraldo Biasoto Jr., ex-coordenador de Política Fiscal da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, avaliou o movimento de abril como pontual. ;Tem mais a ver com a gestão da relação da dívida. Na hora que a inflação muda de patamar é mais difícil colocar títulos. É natural que o Tesouro reduza a colocação de títulos no mercado se há dúvidas em relação à rentabilidade;, enfatizou.

Segundo os dados do Tesouro, os títulos corrigidos pela taxa básica de juros (Selic) responderam por 26,16% do total da dívida em abril, acima dos 24,92% de março. Para a Fazenda, essa fatia deve encerrar o ano entre 30% e 34%. Já os títulos corrigidos pela inflação corresponderam por 34,55% do total. Em março, o percentual era de 33,08%. Os prefixados representaram 34,48% do total, número inferior dos 37,17% do mês anterior.

A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação