Rosana Hessel
postado em 30/05/2016 15:25
As contas do governo central, que reúne Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social, registraram superavit primário de R$ 9,7 bilhões em abril, valor acima das expectativas do mercado, de algo em torno de R$ 2,9 bilhões. No acumulado do ano, o resultado primário ficou negativo em R$ 8,5 bilhões pela primeira vez para o período desde 1997, início da série histórica.A receita líquida do governo central encolheu 6,9% em abril, em valores reais (descontada a inflação), na comparação com o mesmo período de 2015, para R$ 103,6 bilhões. Enquanto isso, as despesas diminuíram 6,4%, para R$ 93,9 bilhões, na mesma base de comparação. No entanto, de janeiro a abril, o descompasso foi maior ainda: a receita cresceu 4,1%, mas as despesas cresceram 2,2%. Portanto, para especialistas, esse resultado positivo de abril é um ponto fora da curva.
Com a nova meta fiscal para este ano, que permite um rombo de até R$ 170,5 bilhões nas contas do governo central, e que foi aprovada pelo Congresso Nacional na semana passada, o secretário do Tesouro Nacional, Otávio Ladeira, avisou que a tendência que esse descompasso entre receita e despesa permaneça, pois muitos pagamentos em atraso estão sendo realizados. Ele informou que não haverá restos a pagar para o próximo ano. ;Pela primeira vez em alguns anos vamos colocar as contas em dia, para não deixar a fatura e o valor devido para janeiro do ano seguinte. Esperamos que todas as despesas sejam pagas ao longo do ano;, afirmou.
O resultado fiscal acumulado em 12 meses até abril ficou negativo em R$ 143,8 bilhões, em valores corrigidos pela inflação, e que é equivalente a 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB). A nova meta fiscal equivale a 2,75% do PIB.
Somente o rombo da Previdência nesse período teve alta real de 150,3% para R$ 8,5 bilhões, sendo que, no acumulado de janeiro a abril, o aumento foi 60,9% para R$ 37,5 bilhões. Para o ano, o governo estima um deficit de R$ 146 bilhões.
Ladeira informou que o governo perseguirá a nova meta e avisou que, a partir de amanhã, o novo governo retoma as negociações com os estados para resolver o impasse sobre a dívida dos entes federativos junto à União.