Rosana Hessel
postado em 05/06/2016 07:55
A economista Monica de Bolle, pesquisadora do Petterson Institute for International Economics, em Washington, vê muitas dificuldades para o novo governo conseguir aprovar medidas espinhosas, como a reforma previdenciária, mas acredita que a equipe de Temer deverá preparar o terreno para isso. ;O debate com a sociedade brasileira ainda não está maduro o suficiente. Muitos não compreenderam que a escolha, hoje, é entre não mais receber aposentadorias e benefícios por falta de recursos no futuro, e postergar a aposentadoria ou aceitar reduções em alguns benefícios para não perdê-los de vez;, resume.
A queda de 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre deste ano ficou abaixo das expectativas do mercado, mas Monica vai na contramão de muitos analistas brasileiros ao duvidar de uma retomada a partir do próximo semestre, devido ao elevado grau de incertezas que restam na arena política. Para a analista, o tombo do PIB deverá ser pior de abril, maio e junho, no ano, a economia encolherá 4%, acima do recuo de 3,8% de 2015. Monica prevê sinais de recuperação da economia somente a partir de 2018.
Apesar de ter aprovada a nova meta fiscal, que permite um rombo de até R$ 170,5 bilhões para a União, Monica avalia que o governo do presidente interino Michel Temer ainda é frágil e precisará ter mais forças para aprovar medidas de ajuste no Congresso Nacional, caso contrário, a crise fiscal será mais grave. ;Falta dinheiro ao governo federal, falta dinheiro aos estados. Não é exagero dizer que o país está quebrado;, alerta.
Decadência
A economia brasileira continua assombrada e assoberbada pelas incertezas do quadro político, pelas decisões que serão tomadas nas próximas semanas ou meses. É muito difícil imaginar a possibilidade de recuperação célere do país, como alguns analistas e economistas vêm dizendo, uma vez que sequer sabemos quem será o nosso governante no segundo semestre. O que se pode dizer, entretanto, é o seguinte: o consumo das famílias retrocedeu aos níveis do primeiro trimestre de 2011, início do governo Dilma. O investimento voltou ao patamar do segundo trimestre de 2009, quando fomos atingidos em cheio pela crise financeira internacional.
Continuação do governo
As incertezas políticas podem atrapalhar muito a recuperação da economia, como já estamos a ver há algum tempo. Torço para que a equipe econômica escolhida por Temer fique e que tenha sucesso em levar à frente a agenda que está elaborando para o país. Contudo, a verdade inconveniente é que, hoje, não temos garantia de que esse time ficará, pois não sabemos qual será o destino do governo provisório. Nova revelações da Lava-Jato são o grande imponderável capaz de remover qualquer senso de otimismo, a qualquer momento. Por essas razões, minha previsão é de queda ainda mais acentuada no segundo trimestre, levando a uma contração do PIB de 4% em 2016. A margem de erro dessa previsão, entretanto, é enorme.
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