Economia

Ilan: alta de juro nos EUA complica, mas crescimento americano ajuda

O economista explicou que a alta dos juros americanos pode reverter um fluxo de recursos direcionados às economias emergentes

Agência Estado
postado em 07/06/2016 14:49

O indicado à presidência do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, afirmou nesta terça-feira (7/6) durante sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) no Senado, que o Federal Reserve só subirá os juros nos Estados Unidos se houver confiança no crescimento da economia americana. Ele fez um paralelo entre vantagem e desvantagem do início da alta de juros nos EUA.

O economista explicou que a alta dos juros americanos pode reverter um fluxo de recursos direcionados às economias emergentes. Por outro lado, a elevação da taxa, para ele, só virá com a confiança no crescimento daquele país. "Para nós, se a subida da taxa de juros complica, o crescimento ajuda no comércio exterior", disse.



O executivo voltou a dizer que vai trabalhar no BC pensando no longo prazo. Sobre a meta fiscal aprovada para este ano, ele afirmou que o número precisa ser realista. "Claro que déficit de R$ 170 bilhões não é bom, mas tem que fazer diagnóstico correto, qual o déficit verdadeiro", afirmou.

Ilan disse ainda que o BC precisa ter instrumentos para enxugar a liquidez da economia. "Dada uma meta, o BC precisa ter instrumento para utilizar, que é o juro", afirmou. Segundo ele, é preciso ter um objetivo para a inflação, e não para os juros. "Inflação é um imposto regressivo. Toda vez que sobe, inicialmente sobe mais para os pobres. Tem impacto social relevante."

O indicado afirmou ainda que é preciso olhar reservas internacionais e operações de swap como um todo. Para ele, ter condições para reduzir estoque de swaps cambiais foi algo feliz

Emprego

Ilan afirmou ainda que não vê necessidade de que o emprego entre como mais um mandato da instituição. Segundo ele, essa é uma questão estrutural, que ultrapassa os mandatos do BC, que são assegurar a estabilidade do poder de compra e a estabilidade financeira.

"Acho que não é necessário (que o emprego entre como mais um mandato do BC). Pensamos naquele emprego sustentável, e o crescimento vem com investimento, com educação, com inovação e gestão. São questões que ultrapassam o mandato do Banco Central, que tem relação muitas vezes com o curto prazo. No arcabouço de metas, é levado em conta a atividade, mas emprego permanente é questão mais estrutural", explicou Ilan.

O economista também se mostrou contrário a estímulos que, como contrapartida, permitam a elevação da inflação. Segundo ele, é preciso, em vez disso, promover "estímulos sustentáveis". "Uma vez que se deixa a inflação subir, para ela voltar é uma dificuldade", disse. "Há um custo de emprego que a gente não deveria ter", acrescentou Ilan.

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