Economia

Reajuste de planos de saúde individuais supera inflação

Apesar das queixas dos órgãos de defesa do consumidor, o reajuste está dentro das normas

Agência Estado
postado em 13/06/2016 10:37
Em meio ao aumento do desemprego e elevação do custo de vida, os gastos com saúde estão fazendo peso extra no orçamento do brasileiro. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) autorizou, na semana passada, um reajuste de até 13,57% nos planos de saúde individuais, a oitava alta seguida acima da inflação. Paralelamente, os remédios subiram 9,55% nos últimos dois meses, resultado do reajuste autorizado de até 12,5% em vigor desde abril.

"Os preços dos planos de saúde estão subindo acima do custo de vida do consumidor. Isso mostra que é necessário que a ANS passe a regular todos os tipos e não só os individuais", opina Joana Cruz, pesquisadora em saúde suplementar do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).

Apesar das queixas dos órgãos de defesa do consumidor, o reajuste está dentro das normas. A ANS determina teto para o reajuste dos planos individuais com base na média das altas aplicadas nos coletivos, que têm livre negociação de preço.

Qualquer que seja o tipo do plano, a escalada do custo de vida está forçando os brasileiros a rever os gastos nessa área. Em um ano, do primeiro trimestre de 2015 ao mesmo período deste ano, 1,3 milhão de consumidores abandonaram a saúde suplementar.


Dois terços (ou 887 mil) eram clientes de planos empresariais, uma indicação de que o aumento dos custos penaliza principalmente os desempregados. Os planos individuais ou familiares também encolheram: 224 mil saíram de circulação, ou quase 17% dos cancelamentos.

"A precificação dos planos de saúde deveria ser melhor. Um cliente com histórico saudável e que faz exercícios físicos, por exemplo, poderia pagar menos pelos planos de saúde", afirma Renata Vilhena Silva, especializada em direito à saúde do escritório Vilhena Silva.

Na família da empresária Henriette Ferrer Alves, 48 anos, moradora da zona leste de São Paulo, o custo mensal de R$ 2,1 mil para os planos de saúde dela, do marido e dos três filhos não cabia mais nas contas. Por isso, eles não contam mais com plano de saúde há oito meses.

Dona de uma empresa que compra e revende material reciclável, Henriette viu seu faturamento cair 60% no ano passado. "Em 30 anos nunca passamos por isso", conta. Com dois filhos (de 18 e 25 anos) estudando em faculdades particulares e mais uma filha de 8 anos em uma escola particular, a prioridade foi a educação.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação