Agência Estado
postado em 13/06/2016 16:44
O ex-presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, afirmou nesta segunda-feira, 13, que, apesar das dificuldades econômicas, o Sistema Financeiro Nacional (SFN) continua sólido, capitalizado, líquido e pouco dependente de recursos externos. "A solidez do Sistema Financeiro Nacional representa importante fundamento da economia brasileira, especialmente neste momento", disse.
Ao fazer um balanço sobre sua gestão à frente da autoridade monetária, Tombini disse que foram promovidas medidas de saneamento e, quando necessário, intervenções e liquidações "sem colocar em risco estabilidade financeira".
Tombini ressaltou que o BC não somente concluiu um processo de acumulação de reservas, como atuou para a preservação desse mecanismo.
Segundo ele, o BC agiu para manter a funcionalidade do mercado, de forma que não houvesse volatilidade excessiva. "Agimos em momentos de mais volatilidade, mas nunca afrontamos o câmbio flutuante", disse.
Forças ;inflacionárias;
Alexandre Tombini classificou a condução da política fiscal do governo da presidente afastada Dilma Rousseff como uma da forças "inflacionárias" que teve que enfrentar durante sua gestão à frente do Banco Central. Tombini faz neste momento um balanço de seu mandato como presidente do BC, durante cerimônia de posse do 26; novo presidente da instituição, Ilan Goldfajn, em Brasília.
Tombini agradeceu à diretoria do BC por permitir que tomasse decisões que classificou como "muitas vezes críticas e complexas" na sua gestão, que foi de janeiro de 2011 a junho deste ano.
Ao falar da política fiscal, Tombini a classificou como expansionista desde 2012, o que fez com que aumentasse o prêmio de risco do País. O ex-presidente do BC também citou como pressões inflacionárias que precisou lidar nesse período a política de recuperação salarial dos funcionários públicos; a redução da desigualdade social, que proporcionou melhorias do bem estar da população mas levou ao aumento da inflação, principalmente de serviços e alimentos; a complexidade do cenário internacional, principalmente após a crise de 2008/2009; a depreciação do real frente ao dólar; e o controle dos preços administrados e depois o seguinte reajuste intenso.
Mesmo com todas essas pressões, lembrou Tombini, a inflação só ultrapassou a meta de inflação estipulada pelo governo em 2015. "A manutenção da inflação nos primeiros quatro anos só foi possível graças à política monetária determinada e tempestiva (do BC)", discursou. Segundo ele, com a política fiscal em terreno expansionista, coube exclusivamente à política monetária o enfrentamento da inflação.
Tombini disse que o sucessor encontrará um cenário de inflação em tendência de queda, graças aos efeitos defasados e acumulados da política monetária, que começam, segundo ele, a impactar a formação de preços e as expectativas. Mesmo assim, considera ainda "desafiador" o balanço de risco para o controle da inflação por causa da presente indexação da economia e de incertezas em relação aos resultados fiscais. "Não tenho dúvida de que o Banco Central adotará as medidas para o cumprimento dos objetivos do sistemas de meta de inflação", afirmou.