Economia

Presidente do BC garante buscar centro da meta, mas com trajetória 'crível'

Isso sugere necessidade de tempo maior para atingir o objetivo. Economistas apostam em queda na taxa de juros a partir de agosto para evitar o agravamento da recessão

Antonio Temóteo, Paulo Silva Pinto
postado em 14/06/2016 07:27
Na cerimônia da posse, com Meirelles e Tombini: compromisso com responsabilidade fiscal, controle da inflação e regime de câmbio flutuante

Com críticas implícitas à política econômica do governo afastado, o novo presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, disse ontem que perseguirá o centro da meta de inflação, de 4,5%. No discurso de transmissão de cargo, que recebeu de Alexandre Tombini, Ilan destacou ter participado da implantação do regime de metas quando foi diretor de Política Econômica da autoridade monetária, entre 2000 e 2003, sob o comando de Arminio Fraga.

;Nesse regime, o objetivo é cumprir plenamente a meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, mirando o seu ponto central. Os limites de tolerância estabelecidos servem para acomodar choques inesperados de inflação, que não permitam a volta ao centro da meta em tempo hábil;, explicou.

[SAIBAMAIS]Desde o início da gestão de Tombini, iniciada em 2011, a inflação ficou próxima do teto, de 6,5%. A avaliação de analistas de mercado era que limite havia virado o novo centro. No ano passado, quando surgiram problemas adicionais, com a liberação de preços administrados, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) estourou muito o limite, atingindo dois dígitos: 10,71%.

Ilan apresentou as ressalvas que justificam o uso do intervalo de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. ;Quando ocorrerem raros, fortes e infrequentes choques que levem a inflação para fora do intervalo de confiança da meta, é relevante que a trajetória de convergência ao centro seja ao mesmo tempo desafiadora e crível;.



A falta de um comprometimento com o cumprimento do limite em 2017 levou os analistas a darem como certo, porém, que isso só ocorrerá em 2018. A palavra ;crível;, na avaliação de muitos, indica a necessidade de um prazo maior; do contrário, obrigaria a manutenção de uma alta taxa de juros em um ambiente de queda abrupta do Produto Interno Bruto (PIB), adiando ainda mais a retomada do crescimento econômico.

O novo presidente do BC deixou claro que não quer agravar a situação. ;Atravessamos a pior recessão da nossa história, com desemprego em alta e relevante desafio fiscal. Há problemas conjunturais e dificuldades estruturais. A incerteza econômica paralisou o investimento e sequestrou a esperança de muitos;, destacou.

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