Alívio no bolso dos brasilienses em junho. Puxado pelo recuo nos preços de combustíveis e de passagens aéreas, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), indicador prévio da inflação oficial, mostrou queda de 0,02% em Brasília. A capital federal foi a única das regiões metropolitanas pesquisadas pelo Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE) em que o custo de vida caiu, ainda que em um percentual ínfimo.
Na pesquisa nacional, o índice subiu 0,4%. Apesar do avanço, foi o melhor resultado verificado no mês nos últimos três anos. No primeiro semestre, o IPCA-15 registrou aumento de 4,62%, mostrando recuo significativo ante os 6,28% do mesmo período de 2015. Nos últimos 12 meses, o índice desceu de 9,62% para 8,98%.
;A queda da demanda e das vendas, por causa da recessão, explica a desaceleração dos preços. A tendência é que as empresas revisem o valor cobrado pelos produtos, mesmo que isso possa representar abrir mão de parte do lucro para manter o negócio;, disse Roberto Piscitelli, professor de finanças públicas da Universidade de Brasília (UnB).
Os preços perderam força na maioria dos grupos de produtos e serviços. Os alimentos, que representam quase 25% do indicador, subiram 0,35% neste mês, contra 1,03% em maio. Alguns itens tiveram queda, como a cenoura, que caiu 25,63%, o tomate, que recuou 8,10%, as frutas, com regressão de 5,43% e as hortaliças, com diminuição de 3,82%.
Aperto
Além de ter sido a única única região das 11 pesquisadas em que o custo de vida diminuiu em julho, Brasília apresentou a menor variação do IPCA-15 no período dos últimos 12 meses: 7,48%. No primeiro semestre, a alta é de 2,73%.
Newton Marques, professor de economia da UnB, disse que a desaceleração foi puxada pela queda nos preços da alimentação e do transporte. Ele explicou que esses setores têm alta influência no resultado do índice. ;Os dois setores, em conjunto com o da habitação, representam cerca de 60% de toda a inflação mensal. A gasolina caiu e a alimentação apresentou resultados sazonais, ou seja, épocas que têm uma boa safra e apresentam bons índices;, destacou.
A babá Maria Aparecida, no entanto, reclamou: ;Ainda não chegou a mim;, disse, referindo-se à desaceleração de preços no supermercado. ;Estou no aperto. Evito sair de casa para fazer compras. Gosto de ir ao supermercado, mas agora também vou ao atacado para comprar a preços mais baratos, mas sempre o básico;, comentou.
Em janeiro, o litro da gasolina no DF chegou a custar R$ 3,97 nos postos de abastecimento. Hoje, o combustível é encontrado por R$ 3,54. No Brasil, o alívio fez o grupo de transportes recuar pelo segundo mês seguido. Além da gasolina, que caiu 1,19% e do etanol, cujo preço diminuiu em 6,6%, as passagens aéreas recuaram 4,11%.
Dilça Moleta, 48 anos, é telefonista e, quando pode, paga parte do combustível do carro do filho para ajudá-lo. Mas, apesar de o preço ter diminuído no DF, ela não se lembra da última vez que viu o ponteiro de gasolina no máximo. ;Abaixou, mas ainda é caríssimo. Pago R$ 60 no máximo. Encher o tanque nem pensar;, contou.
A telefonista também não viu mudanças nos preços do supermercado. Ela e o filho sustentam duas crianças em casa e, por mês, gastam R$ 280 nas compras. ;A impressão que fica é que, quando uma coisa baixa, outra aumenta. Aí fica difícil de pagar do mesmo jeito;, disse.
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