Agência Estado
postado em 27/06/2016 16:00
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) estima que a carga de energia apresentará um crescimento de 3,1% em julho frente ao mesmo mês do ano passado, somando 64.642 MW médios. Em relação a junho, a previsão aponta para estabilidade. Dentre as regiões, Sul e Nordeste apresentarão a maior expansão, na comparação anual, da ordem de 6%. Já a carga no Norte aumentará 4,3%, enquanto no subsistema Sudeste/Centro-Oeste, o principal centro de carga do País, o crescimento será de 1,3%.
Conforme o operador, essas projeções refletem a perspectiva de manutenção das condições climáticas típicas de inverno que já vêm sendo observadas ao longo do mês de junho nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, diferentemente do que ocorreu em 2015, quando as temperaturas ficaram mais amenas para o período. "A expectativa de ocorrência de baixas temperaturas no subsistema Sul, principalmente no que se refere às temperaturas mínimas, contribui para o aumento da carga nesse subsistema, em função da maior utilização de equipamentos de condicionamento térmico", destacou.
Pelas previsões do ONS, a Energia Natural Afluente (ENA), indicador que dimensiona a utilização da capacidade dos reservatórios e a consequente geração de energia, ficará em 99% da média histórica na região Sudeste no mês de julho. Em sua primeira previsão para o período, o ONS projeta que no fim do próximo mês os reservatórios da região, considerada a "caixa d;água" do País, estarão em 50,2%, queda ante os 56,36% anotados ontem.
A região Sul também registrará ENA perto dos índices históricos, em 89% da média de longo termo (MLT) de julho, o que fará com que o nível dos reservatórios da região alcance os 80,9%, abaixo dos 89,53% de ontem.
Já a região Nordeste seguirá com chuvas bem abaixo do média histórica, pressionando os reservatórios. A ENA ficará em 35% da MLT para julho e o nível de armazenamento da região cairá dos 27,43% de ontem para 23% em 31 de julho. Para o Norte a ENA prevista é de 52% da média histórica e o nível de reservatório deve chegar a 57,6% no final do mês que vem, abaixo dos 60,43% registrados neste domingo.
CMO e PLD
O Informe do Programa Mensal de Operação (IPMO) também aponta alta no custo de geração de energia nos submercados Sudeste/Centro-Oeste e Sul. Para a semana de 25 de junho a 1; de julho, o Custo Marginal de Operação (CMO) foi fixado em R$ 47,98/MWh nessas regiões, ante os R$ 36,15/MWh e R$ 33,78, respectivamente, da semana que passou. No Norte, o CMO ficou praticamente estável, passando de R$ 107,54/MWh para R$ 107,32, enquanto na região Nordeste, o CMO baixou de R$ 127,12/MWh para os mesmos R$ 107,32/MWh.
As alterações no CMO estão relacionadas também à determinação feita pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para modificação da vazão das usinas do Rio São Francisco no modelo que calcula os preços, alteração que deve ser mantida até dezembro.
O CMO é utilizado como referência para a definição do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), o preço spot de energia. O resultado é que o PLD para o mesmo período de 25 de junho a 1; de julho ficou estabelecido em R$ 72,94/MWh nos submercados Sul e Sudeste/Centro-Oeste, alta de 37% e 28%, respectivamente. Já nas regiões Nordeste e Norte, o PLD recuou 8% e 5%, respectivamente, para em R$ 104,13/MWh.
A alteração no modelo e o decorrente aumento dos preços spot para boa parte do mercado de energia desagradou agentes de mercado. "Dado a magnitude desse impacto, uma medida como essa deveria ser amplamente debatida pelos agentes do setor e pela sociedade, através de audiência publica sobre o tema promovida pela Aneel", declarou o sócio-diretor da Compass Energia, Marcelo Parodi. A consultoria aponta que a mudança poderá levar a um aumento de até 100% no preço spot, dependendo do horizonte da alteração.