Agência Estado
postado em 28/06/2016 09:31
O Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado nesta terça-feira (28/6), pelo Banco Central, mudou a ênfase da diretoria colegiada da instituição ao falar da adoção de medidas necessárias para assegurar o cumprimento do regime de metas. Agora, essas ações não mais se dirigem aos preços em 2016, sendo apenas relacionadas à convergência da inflação para a meta de 4,5%, em 2017.Para 2016, o BC passou a ver que a inflação subirá 6,9%, acima da conta anterior de 6,6%. Para o fim de 2017, o relatório prevê uma inflação de 4,7% no cenário de referência. Por isso, o documento manteve a avaliação de que "o cenário central não permite trabalhar com a hipótese de flexibilização das condições monetárias". O BC considera que há avanços no combate à inflação, mas ressalta que a sua continuidade depende de ajustes - principalmente fiscais - na economia brasileira.
Até o relatório de março, escrito ainda sob o comando de Alexandre Tombini, o BC dizia que adotaria essas medidas necessárias também para circunscrever a inflação aos limites estabelecidos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em 2016. Agora, o primeiro documento de Ilan Goldfajn deslocou a frase sobre a adoção de medidas, relacionando-as à promessa de entregar a inflação no centro da meta no próximo ano.
"O Comitê de Política Monetária (Copom) buscará circunscrever a inflação aos limites estabelecidos pelo CMN em 2016 e adotará as medidas necessárias de forma a assegurar a convergência da inflação para a meta de 4,5%, em 2017", diz o relatório.
A mudança decorre do prazo necessário para que as ações de política monetária tenham efeito na dinâmica de preços do País. De acordo com a literatura econômica, essa transmissão leva de seis a nove meses para acontecer. Portanto, qualquer medida adotada pelo Copom a partir de agora só deve impactar mesmo a inflação do próximo ano.
O economista-chefe da Infinity, Jason Vieira, afirmou em nota que o documento do BC sinaliza uma postura mais dura em relação ao combate à inflação. "Concluímos que os juros devem permanecer inalterados até a reunião de outubro, no mínimo", diz. Atualmente, a Selic está em 14,25% ao ano.