Rodolfo Costa , Rosana Hessel, Paulo Silva Pinto
postado em 28/06/2016 13:16
O novo presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, quebrou o protocolo e fez o discurso de abertura da coletiva do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), nesta terça-feira (28/06), e reforçou que a autoridade monetária manterá a meta de 4,5% para 2017, apesar de o centro das projeções da própria instituição para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) serem de 4,7% para o último trimestre de 2017, um pouco acima do centro, mas abaixo do teto de 6%.
;A meta de 4,5% continua sendo nosso objetivo;, afirmou Goldfajn, que aproveitou a ocasião para pedir uma salva de palmas ao diretor de Política Econômica, Altamir Lopes, que está se aposentando e participando do último anúncio do RTI. ;Estamos muito perto da meta para 2017. Podemos discutir se é 4,5% ou 4,7%, mas dentro das incertezas, estamos dentro da margem de erro e estamos dentro das projeções;, afirmou o presidente do BC em seu primeiro discurso após a posse.
[SAIBAMAIS];No regime de meta de inflação, o objetivo é cumprir plenamente a meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional. Mirando seu ponto central, limites de servem para acomodar choques esperados na inflação. Que permitam a volta ao centro da meta em tempo hábil. É fundamental o gerenciamento das expectativas no sistema de meta;, afirmo Goldfajn, acrescentando que a instituição alcançará o objetivo ;em um futuro não muito distante;. ;É relevante que a trajetória ao centro da meta seja ao mesmo tempo desafiadora e crível;, destacou.
Tanto Goldfajn quanto Lopes deram sinais de que a taxa básica de juros (Selic), atualmente em 14,25% anuais, não deverá alterada tão cedo. ;Dentro do quadro de ajustes em andamento, esses juros são suficientes para que a inflação convirja para 4,5% (em 2017);, disse o diretor do BC.
Ao ser questionado sobre as dificuldades para atingir a meta de inflação em 2017, principalmente, porque o governo federal não deverá contribuir com um resultado fiscal positivo neste ano e no próximo, Goldfajn tentou demonstrar confiança no novo governo do qual faz parte. Ele apostou que o BC não será a única perna do tripé para estabilizar a atividade econômica. ;O que estamos vendo é que há uma mudança na equipe para a recuperação da economia e para que a inflação caia mais rápido. Não acredito que o BC ficará sozinho de novo;, disse. ;Se olharmos a percepção dos indicadores de mercados, não só em prêmios de riscos, fica claro que há uma expectativa melhor para frente.
Para o presidente do BC, o cenário internacional é ;desafiador;, principalmente, com a recente saída do Reino Unido da União Europeia, pois o impacto na economia global ainda não está totalmente mensurado, muito as consequências estão mapeadas. ;Prometemos monitorar os contínuos movimentos e vamos adotar medidas adequadas para garantir o funcionamento normal dos mercados;, afirmou.
No Relatório Trimestral de Inflação, o BC reduziu de 3,5% para 3,3% a projeção de retração para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2016, na comparação com o último documento divulgado em março. A instituição também aprofundou a queda estimada para o setor agrícola, de 0,2% para 1,1%. Já a expectativa de recuo da indústria foi reduzida de 6,2% para 4,6%. O BC estima um deficit nas transações correntes de US$ 15 bilhões.