Economia

Intervenção do Banco Central freia a queda do dólar

Primeira ação do Banco Central no mercado sob a gestão de Ilan Godfajn leva a moeda norte-americana a fechar em alta de 0,61%, cotada a R$ 3,233. Desvalorização das últimas semanas aumenta a procura pela divisa

Rosana Hessel
postado em 02/07/2016 06:00

Gilberto Oliveira, profissional de informática:

Após três dias seguidos de queda, o dólar voltou a subir ontem, quando o Banco Central (BC) realizou o primeiro leilão de swap cambial reverso em um mês e meio. Essas operações equivalem a uma compra futura de dólares, por isso o BC as utiliza quando pretende evitar um recuo mais acentuado da moeda. A divisa norte-americana chegou a avançar quase 1% em relação ao real pela manhã, mas fechou o dia cotada a R$ 3,233 para a venda no comercial, com leve alta de 0,61% sobre a véspera.

De acordo com especialistas, as declarações à imprensa do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, pouco após o término do leilão, não deixaram o dólar subir muito ontem. Ilan explicou que há vários fatores influenciando a taxa de câmbio e indicou que usará com parcimônia o o mecanismo dos swaps.

;O mercado acabou ficando bem comportado. O Banco Central está reafirmando que vai ser menos intervencionista no câmbio, procurando resgatar o tripé macroeconômico;, avaliou a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, lembrando que as bases desse tripé são: metas de inflação, controle fiscal e câmbio flutuante. ;O novo presidente do BC não quer sinalizar o piso e o teto para o dólar e indicou que não vai mais entrar quando o câmbio piscar; o mercado incorporou o recado;, disse.

Para Zeina, a lua de mel com o novo governo continua e há uma onda positiva vinda do exterior, mas é preciso cautela. ;A percepção é de que a saída do Reino Unido da União Europeia não vai impactar os emergentes a curto prazo. Há muita liquidez lá fora e, quando há sinalização de que os juros não cairão aqui, a entrada de dólares aumenta. Mas o quadro ainda é muito frágil, não há uma blindagem desses países em desenvolvimento se houver um choque maior;, alertou.

Na avaliação do gerente de Câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, o presidente do BC controlou o câmbio ontem mais na fala do que por meio do leilão de swaps. ;Foram ofertados 10 mil contratos que somaram US$ 500 milhões, volume bastante pequeno se comparado aos bilhões que costumavam ser colocados no mercado pela gestão anterior;. Galhardo não faz apostas para onde irá o câmbio. ;Vamos ver muita volatilidade ainda pela frente;, disse.

Já o economista-chefe da Lopes Filho & Associados, Júlio Hegedus, avaliou que o BC deixou claro que o objetivo é derrubar a inflação por meio da manutenção do dólar em patamares baixos, uma vez que o país continua sem uma âncora fiscal para segurar o custo de vida. ;Esta semana foi desgastante. O governo deu sinais trocados, com aumentos de gastos, aprovação de reajustes do Judiciário e do Bolsa Família. As benesses do governo já chegam a R$ 125 bilhões;, destacou.

Filas

Mesmo com a leve alta do dólar, a procura pela moeda americana não diminuiu ontem. ;As filas nas casas de câmbio continuaram em todo o Brasil e o movimento está 80% acima do registrado no ano passado;, disse o diretor de Varejo da Europa Câmbio, Edísio Pereira Neto. Para ele, o dólar deverá permanecer no patamar de R$ 3,20 a R$ 3,30 até o fim do ano. ;A moeda estava muito valorizada e os sinais do BC mostram que há possibilidade de isso acontecer;, disse.

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