Os consumidores podem se preparar. É grande a disposição do governo em aumentar impostos para cumprir a meta fiscal de 2017, de deficit próximo de R$ 150 bilhões, que será anunciada até amanhã. Entre as propostas analisadas pelo ministro da Fazenda, estão a elevação da Cide sobre combustíveis ; nesse caso, há divergências entre técnicos da equipe econômica, que veem a contribuição como inflacionária, mas pode render até R$ 10 bilhões por ano ; e alterações no Imposto de Renda. Segundo Meirelles, que não descarta um rombo menor, em torno de R$ 140 bilhões, tudo está sendo estudado, inclusive a alta de tributos. ;Estamos considerando e vamos divulgar as conclusões ainda esta semana;, afirmou.
[SAIBAMAIS]O ministro, que trava um embate com o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, em torno do rombo nas contas de 2017, disse que o governo está olhando todas as possibilidades para o incremento da arrecadação. ;Estamos trabalhando na receita e, obviamente, isso envolve diversos setores de atividade econômica, a retomada da confiança, o investimento, a infraestrutura. Temos de pensar também em privatização e venda de ativos;, frisou, após reunião com o presidente interino, Michel Temer. Na avaliação de Padilha, o governo não precisa ser tão rigoroso e será ;ótimo; se o país repetir, no ano que vem, o deficit de R$ 170,5 bilhões previstos para 2016.
O clima no governo está pesado, diante das divergências entre a equipe econômica e a ala política do Palácio do Planalto. Temer, no entanto, está mais inclinado a sancionar a posição da Fazenda, que vê necessidade de reforçar o discurso de compromisso com o ajuste fiscal, enfraquecido pelo pacote de bondades anunciado nas últimas semanas pelo presidente interino, que custará quase R$ 130 bilhões ao Tesouro Nacional. Muitos especialistas acusaram o governo de agir de forma dúbia num momento em que a transparência é fundamental para o resgate da confiança e do crescimento econômico.
Contradições
O mercado está apreensivo. ;Um deficit acima de R$ 150 bilhões não será uma boa notícia. A alta dos juros (ontem) mostrou que o mercado está avisando ao governo que, caso a meta seja considerada folgada, o espaço para o Banco Central agir será muito restrito;, disse Eduardo Velho, economista-chefe da INVX Global Partners. ;O mercado está ressabiado, mas não acredito que o governo apresente uma meta tão folgada. Se vier um rombo de R$ 120 bilhões, será uma festa;, acrescentou João Silva Junior, da Icap Brasil.
Para Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, mesmo um deficit R$ 150 bilhões no ano que vem não será bem-vindo. ;Não é um número bom, pois representa um buraco de 2,4% do PIB (Produto Interno Bruto), similar ao deste ano. Pelos meus cálculos, com os impactos de mais juros e menos crescimento, a dívida pública bruta passará, em 2017, de 80% para 82,1% do PIB. Espero que o governo trabalhe para que o deficit seja bem menor;, assinalou.
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