Economia

Aproximação com países africanos não traz resultado para comércio exterior

Uma das prioridades da política externa dos governos petistas, não traz resultado para o comércio exterior do país, a medida mas deixa um legado de denúncias de corrupção envolvendo contratos de grandes obras

Rosana Hessel
postado em 24/07/2016 07:50
Uma das primeiras medidas de política externa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi ampliar a presença do Brasil na África. O discurso era privilegiar as relações Sul-Sul para melhorar a pauta de exportação, uma vez que o país tinha no continente africano um amplo mercado potencial para os manufaturados nacionais. O resultado, no entanto, não veio, já que não houve melhora expressiva nas exportações de produtos com maior valor agregado. E o país ainda colheu um efeito colateral indesejável: na esteira de operações que envolveram grandes empreiteiras nacionais em obras no continente africano, sobram denúncias de corrupção.

Desde 2004, foram abertas 20 embaixadas em países da África, de acordo com dados do Itamaraty. Em seus dois mandatos, Lula fez 33 viagens ao continente. O número caiu no período da presidente afastada, Dilma Rousseff. Nesses 12 anos, entretanto, a participação dos africanos nas exportações brasileiras encolheu de 4,39% para 3,99%. Além disso, a balança comercial sempre foi desfavorável para o Brasil, que acabou importando mais do que exportando.

Mas foi só isso. Representantes de empreiteiras investigadas pela Polícia Federal na Operação Lava-Jato contaram que pagaram propinas elevadas para conseguir contratos. ;A percepção do mercado é de que foi criado um canal de corrupção do Brasil utilizando os governos totalitários africanos. Estreitar relações com a África é importante, significa diversificar parcerias, mas os ganhos são insignificantes no contexto internacional;, comenta o professor de Finanças do Insper Otto Nogami. ;Em uma relação bilateral, é preciso levar em consideração se o parceiro tem uma renda que sustente o comércio. Precisamos lembrar que houve perdão de dívidas de alguns países, na expectativa de contrapartidas que não ocorreram. Esse tipo de relação comercial é extremamente equivocado;, critica.



Nogami destaca ainda que, com o desenvolvimento da Lava-Jato, há pouco o que comemorar dessa empreitada. ;O que se vê é que, nos governos petistas, muitos conseguiram utilizar o continente para investimentos de empresas brasileiras e usufruir das benesses de superfaturamento de operações escusas sem, infelizmente, contribuir para o crescimento e o desenvolvimento da indústria nacional. O discurso era um e a ação foi totalmente diferente;, emenda.

O consultor Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento durante o governo Lula, diz que não se pode resumir tudo a corrupção, e aponta um problema estrutural. ;Estive bastante envolvido no esforço de aproximação com países africanos. O Brasil, por não ter a pecha de colonialista, ocupou espaços que antes eram de ingleses e franceses. Mas o país não tem a mínima condição de competir com os chineses no financiamento de exportações;, desabafa. ;A participação da África nas exportações brasileiras teve um momento de avanço. Mas o crescimento encontrou uma barreira, que é a logística. O fluxo marítimo e aéreo entre Brasil e nações daquele continente caiu nos últimos anos, e isso vem comprometendo o comércio;, explica.

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