Economia

Juros longos fecham em alta com preocupações sobre quadro fiscal e exterior

Declarações do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, sobre os riscos da não aprovação da PEC dos gastos e a possibilidade de aumento de impostos trouxeram desconforto aos agentes

Agência Estado
postado em 25/07/2016 16:49
Os juros futuros de curto e médio prazos terminaram a sessão regular desta segunda-feira (25/7) perto dos ajustes anteriores e os longos tiveram alta moderada. A pressão refletiu as preocupações com o cenário fiscal e também o cenário externo mais cauteloso. Declarações do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, sobre os riscos da não aprovação da PEC dos gastos e a possibilidade de aumento de impostos trouxeram desconforto aos agentes. No exterior, a queda forte dos preços do petróleo, as expectativas com relação à decisão de juros do Federal Reserve e do Banco do Japão esta semana, entre outros eventos, também colocaram o investidor na defensiva.

Ao término da etapa regular, o giro de contratos era fraco. O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2017 terminou com taxa de 13,940%, ante 13,945% no ajuste de sexta-feira, com 85.220 contratos. O DI janeiro de 2018 (65.835 contratos) fechou na mínima de 12,82%, ante 12,84% no último ajuste. O DI janeiro de 2021 (69.425 contratos) subiu de 12,07% para 12,11%.

Após a frustração com o fato de que o governo não adotará um contingenciamento do Orçamento para garantir que o resultado fiscal não estoure a meta de R$ 170,5 bilhões, o mercado recebeu com preocupação, logo na abertura, as declarações do ministro da Fazenda. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Meirelles disse que, caso não seja aprovada a criação de um teto para gastos públicos, o País terá alta de impostos e juros elevados por longo tempo. Durante evento hoje no Rio, ele disse ainda que não existe compromisso do governo federal em cobrir eventual déficit primário nas contas públicas dos Estados neste ano, e que eventuais gastos ficarão limitados, necessariamente, aos R$ 170,5 bilhões da meta fiscal.



No exterior, o destaque é o recuo dos preços do petróleo que penaliza as bolsas e pressiona o dólar para cima, atribuída aos temores de excesso de oferta. É nesse clima que se dá a espera pela decisão do Fed, na quarta-feira, cujas expectativas são de alguma sinalização sobre o início do ciclo de aperto monetário nos EUA. No Japão, o banco central tem reunião na sexta-feira e o mercado aguarda, ao contrário, anúncios de medidas para estimular a economia.

As taxas curtas oscilaram ao redor da estabilidade, em linha com a aposta de que a Selic não deve cair nos próximos meses, com riscos até mesmo de que o processo de afrouxamento comece só no ano que vem, mesmo com boas notícias da pesquisa Focus. O que poderá confirmar, ou não, tal ideia é a ata do encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), a ser divulgada amanhã.

Segundo o Boletim Focus, a mediana das estimativas para o IPCA de 2017 oscilou de 5,30% para 5,29%, e a mediana das projeções para a inflação em 2016 caiu de 7,26% para 7,21%.

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