A América Latina sofrerá uma contração de 0,8% este ano, prejudicada pelo mau desempenho das economias sul-americanas, principalmente as da Venezuela e do Brasil, estimou a Cepal nesta terça-feira (26/7).
A Comissão Econômica para América Latina e o Caribe (Cepal) revisou em baixa as previsões publicadas em abril, que previam um retrocesso de 0,6%, superior ao de 0,5% registrado em 2015.
"Os países da América Latina e do Caribe mostrarão uma contração em sua taxa de crescimento de -0,8% em 2016, queda maior do que a observada em 2015 (-0,5%), com um comportamento muito heterogêneo entre países e sub-regiões", afirma um relatório do organismo das Nações Unidas apresentado em Santiago.
A maior piora foi da América do Sul, onde se espera uma contração de 2,1% em 2016, "afetada principalmente por uma deterioração dos termos de intercâmbio, uma menor demanda externa e uma desaceleração significativa da demanda interna, que reflete uma significativa queda no investimento doméstico", de acordo com a Cepal.
Brasil e Venezuela despencam
A Venezuela, cuja economia se contrairá 8%, e o Brasil, maior economia da região, que terá um recuo de 3,5%, registram as maiores quedas, arrastando toda a América Latina, apesar dos bons resultados da América Central.
No Brasil ainda não há sinais de recuperação depois da queda de 3,9% de seu Produto Interno Bruto (PIB), registrada no ano passado.
"As dificuldades econômicas se associaram à crise política por causa da perda de apoio do governo no Congresso e dos processos judiciais contra vários partidos e políticos por questões de corrupção e financiamento de campanhas eleitorais, que arrastaram todas as áreas da economia, especialmente os investimentos", justificou a Cepal.
No ano passado, a produção industrial caiu 9,7% no Brasil, seguida do comércio, que teve queda de 8,9%, da construção (7,6%) e do transporte (4,8%).
No primeiro primeiro trimestre de 2016, após a mudança das autoridades governamentais - depois do afastamento da presidente Dilma Rousseff -, "os componentes da demanda ainda não indicam que se tenha tomado um caminho de crescimento". Espera-se para este ano um cenário similar ao do ano passado.
A economia venezuelana também sofre os efeitos da crise política do governo do presidente Nicolás Maduro e da acentuada perda de receitas por causa da queda dos preços do petróleo, somada à seca enfrentada pelo país durante grande parte do ano.
A Argentina, no contexto das novas políticas econômicas aplicadas por Mauricio Macri, registrará neste ano uma queda de 1,5% após a expansão de 2,4% no ano passado.
A economia equatoriana, que também sofre com a queda dos preços do petróleo, retrocederá 3,5%. O Chile crescerá 1,6%, a Colômbia 2,7%, o Peru 3,9% e a Bolívia 4,5%.
América Central e México, os bons alunos
Os países da América Central e do México terão um resultado melhor, de 2,6%, em média. Excluído o México, o crescimento chegaria a 3,8%.
A região foi beneficiada pelo "impulso derivado de uma melhora em seus termos de intercâmbio, produto de um menor preço dos hidrocarbonetos, de uma recuperação de sua demanda externa e interna e de um aumento das receitas pelas remessas", de acordo com a Cepal.
A República Dominicana lidera os avanços, com um crescimento esperado de 6%, seguido de Panamá (5,9%), Nicarágua (4,5%), Guatemala (3,5%) e Honduras (3,4%). O México deve crescer 2,3%.
A desaceleração econômica, adverte a Cepal, terá um impacto na taxa de desemprego urbano, que em 2015 foi de 7,4% e se espera que aumente para 8,1% em 2016.