Henrique Menezes - Especial para o correio
postado em 31/07/2016 08:00
Comprar a casa própria deixou de ser um sonho para jovens de 16 a 35 anos no Distrito Federal. Dados de empresas do setor imobiliário apontam que o público com essa faixa etária representa metade dos compradores de residências novas na região. E 65% deles pagam o imóvel com recursos próprios, sem o auxílio dos pais ou parentes.
Os números têm surpreendido executivos do mercado. Frederico Kessler, diretor de negócios do Centro-Oeste da Brookfield afirmou que o número de imóveis vendidos pela empresa a pessoas nessa faixa etária aumentou 416% no 1; semestre de 2016 em relação ao mesmo período do ano passado. Entre janeiro e junho deste ano, dos 201 imóveis vendidos pela empresa, 94 eram para pessoas com 25 a 35 anos e outros 30, para clientes de 16 a 25 anos. Nos seis primeiros meses de 2015, as vendas para esse público não superaram 24 unidades. ;Foi uma surpresa. Nós já estamos remodulando a comunicação e ofertando produtos voltados especialmente para eles;, conta.
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[SAIBAMAIS]Os jovens são os maiores consumidores de imóveis compactos, que têm um ou dois quartos e valor mais baixo. Kessler destaca que eles procuram apartamentos bem localizados. ;Fora os quesitos de segurança e infraestrutura, esse público se preocupa em ficar nas localidades mais próximas ao metrô, que trazem facilidade no transporte;, observa.
Na cidade com a maior concentração de funcionários públicos, a população começa muito cedo no mercado de trabalho e isso aumenta a tendência de adquirir bens próprios, como automóveis e casa própria.
Conforme o presidente da construtora Pau100távio, Paulo Otávio, 7% das vendas de imóveis da empresa são para jovens, proporção baixa porque a companhia trabalha com apartamentos grandes. Mesmo assim, ele se surpreende com essa clientela. ;Entre os que fecham negócio, 70% já têm emprego e conseguem arcar com as próprias dívidas, inclusive do imóvel;, diz. Jorge Rucas, diretor nacional de negócios da João Fortes Engenharia, afirma que, dependendo do tipo de imóvel, o cliente tende a ser de faixa etária mais baixa. ;Eles são atraídos por apartamentos de cobertura, mesmo que sejam de apenas um quarto. É importante que sejam completos, com todo o acabamento. Prédios com serviços, como lavanderia, e boa localização, também são alvo desse público;, afirma.
O vendedor Bruno Soares, 25, morava em Ceilândia Norte com a mãe, mas, com a escalada da insegurança na região administrativa, ambos resolveram se mudar de lá. Entre as opções que se encaixavam no orçamento, escolheu um apartamento em Samambaia, mesma localidade em que mora a irmã.
Com as economias que fez por sete anos, aos 24, ele conseguiu as chaves da casa própria. ;Presto serviços no ramo de licitações e contratos. Fiz estágio e trabalho desde os 17. Durante todo esse tempo, juntei dinheiro. Consegui dar uma entrada bacana no apartamento, o que reduziu o prazo de parcelas;, afirma. Enquanto ele paga o financiamento, a mãe arca com o condomínio e as demais contas da casa.
O professor Alessandro Abreu, 28, está entre os que se frustraram depois que fechar o negócio. Ele deixou a família e estabilidade no interior da Bahia para etudar biomedicina no DF. Há um ano deu uma entrada no imóvel, com recursos próprios, sem qualquer ajuda. ;Por meio de muito suor consegui realizar o sonho;, relata.
Nem tudo foi alegria, porém. Abreu se arrepende de não ter tido mais cautela no processo de negociação do imóvel. Ele avalia ter gasto R$ 5 mil em comissões desnecessárias. ;Se tivesse ido diretamente à construtora, não haveria esse gasto;, alerta.
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