Rosana Hessel
postado em 08/08/2016 06:12
Sozinha, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita o aumento dos gastos públicos à inflação do ano anterior não será suficiente para reverter o descalabro das finanças do país. Depois de analisarem, com lupa, o projeto encaminhado pelo governo ao Congresso, especialistas ressaltam que o ajuste fiscal ainda está manco. Para reverter o estrago que se viu nos últimos anos, será preciso medidas duras nos próximos meses e ações de longo prazo, como a reforma da Previdência, que, neste ano, pode ter deficit superior a R$ 200 bilhões se somados os rombos do Instituto Nacional do Seguro Social INSS) com os dos sistemas de aposentadoria de servidores e militares.
O economista Felipe Salto é taxativo. ;O governo está apostando todas as fichas na PEC do teto. Mas uma das primeiras lições da economia é não colocar todos os ovos em uma única cesta, o que é muito arriscado. É preciso ter uma agenda mais estruturada e mandar logo um conjunto de medidas de reformas para o Congresso Nacional trabalhar;, diz ele, que é coautor do livro Finanças públicas: da contabilidade criativa ao resgate da credibilidade. No entender dele, o governo deve agir rápido tão logo o Senado aprove o impeachment definitivo de Dilma Rousseff. ;Não há tempo a perder;, frisa.
A ansiedade é grande. E a complacência do mercado com a equipe chefiada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, está prestes a acabar se o governo não avançar os passos. Na verdade, o que mais se está vendo são recuos e sinais contraditórios. No projeto que renegocia as dívidas de estados, resultando um alívio de R$ 50 bilhões a essas unidades da Federação, o presidente interino, Michel Temer, fez uma série de concessões que vão resultar em aumentos das despesas com servidores, o que não é recomendável num momento em que se promete um ajuste fiscal consistente.
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