Simone Kafruni
postado em 08/08/2016 06:15
A crise econômica atingiu as nuvens e voar voltou a ser privilégio de poucos. Quem estava acostumado a três, quatro viagens de avião por ano está reduzindo a frequência e muitos passageiros começam a trocar os aeroportos pelas rodoviárias. O maranhense Bruno Torres, 21 anos, cozinheiro em Ribeirão Preto, deixou para comprar a passagem aérea em cima da hora e acabou tendo que viajar de ônibus. Para economizar, perdeu cinco dias das férias, período em que ficou na estrada, entre ida e volta, para percorrer os 2,7 mil quilômetros que separam seu local de trabalho da terra natal.
Na volta de São Luís do Maranhão para a cidade paulista, Bruno parou na rodoviária interestadual de Brasília. ;A viagem dura dois dias e meio e é bem desconfortável;, conta. Mas ele viajou de ônibus porque gastou um terço do que pagaria pela passagem aérea. ;Não procurei o bilhete aéreo com antecedência, assim, o menor valor que achei foi de R$ 1,2 mil ida e volta. Se comprasse, ficaria sem dinheiro para as férias. Então, preferi perder alguns dias na estrada, gastei R$ 400 de ônibus;, diz.
O cozinheiro lamenta que, por conta da crise, não poderá mais visitar a família tanto quanto gostaria. ;De avião, eu podia aproveitar feriados prolongados. Cheguei a fazer duas a três viagens por ano. De ônibus, só posso ir nas férias, uma única vez. Mas meu orçamento apertou. Não sobra mais dinheiro;, afirma. Assim como Bruno, 3,7 milhões de pessoas deixaram de voar este ano.
Dados da Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear) apontam que o fluxo de passageiros caiu 8% entre o primeiro semestre do ano passado e igual período de 2016, de 46,9 milhões para 43,3 milhões. Os números são a compilação das estatísticas de Avianca, Azul, Gol e Latam, responsáveis por 99% do mercado doméstico. A demanda completou, em junho, 11 meses de retração.
Com o agravamento da recessão, vale o esforço para economizar qualquer quantia. A administradora Josélia Lima, 61, passou uns dias no Rio de Janeiro e, na volta, preferiu pagar R$ 368 pelo ônibus leito do que mais de R$ 800 pelo trecho aéreo. ;Viajo bastante de avião, mas sempre pesquisando as promoções e comprando com antecedência. Como, desta vez, foi uma decisão de última hora, os preços estavam muito altos. Mas a viagem de ônibus, apesar das 20 horas, foi muito tranquila.;
A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui.