Economia

Governo eleva previsão para PIB de 2017, o que poderá evitar subir impostos

Expectativa de crescimento agora é de 1,6% em vez de 1,2%. Mas mercado espera só 1,1%

Rosana Hessel
postado em 18/08/2016 06:00
Em uma tentativa de mostrar otimismo em relação à economia em 2017, indicando melhora na arrecadação e nas chances de cumprimento da meta fiscal, o governo elevou de 1,2% para 1,6% a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Para este ano, reduziu de 3,1% para 3% a previsão de retração. A explicação do secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Carlos Hamilton, é ;a melhora dos indicadores financeiros e de confiança do consumidor e dos empresários;. Isso leva, disse, à melhora da perspectiva de investimento no país.

[SAIBAMAIS]A nova projeção para o PIB em 2017 está acima da alta de 1,1% prevista pelo mercado, conforme o boletim Focus do Banco Central (BC). O governo manteve a expectativa de que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fique em 4,8% no ano que vem, acima do centro da meta perseguida pelo BC, de 4,5%. Para este ano, a alta de 7,2% tampouco foi alterada. O secretário informou que a perspectiva da equipe econômica é que o PIB apresente algum resultado positivo no quarto trimestre do ano, fazendo com que a recessão fique para trás. As estimativas para a cotação do dólar são de R$ 3,30 no fim deste ano e de R$ 3,50 em 2017.

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De acordo com Hamilton, a antecipação dos números, que constarão na proposta do Orçamento da União de 2017, que será encaminhada ao Congresso Nacional até o fim do mês, se tornará recorrente, a fim de ;dar maior transparência à política econômica;. A proposta está sendo feita com expectativa de aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) prevendo um limite para os gastos públicos. A ala política do governo não quer ouvir falar em elevação da carga tributária para não prejudicar a imagem do presidente interino, Michel Temer. Hamilton não apresentou estimativas de receita do governo no ano que vem.

O economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, avisou que se o intuito do governo era mexer com os mercados, não deu certo: a reação foi nula após o anúncio da antecipação dos novos parâmetros macroeconômicos. Ele prevê queda de 2,5% no PIB deste ano e crescimento de apenas 0,5% no ano que vem. ;Os números do governo estão em suspenso por conta do que efetivamente Temer vai conseguir costurar das reformas fiscais após a confirmação do impeachment (da presidente afastada Dilma Rousseff);, destacou. ;O novo governo assumiu com a promessa de fazer um ajuste forte, que não está fazendo o combinado. O voto de confiança poderá perder a validade;, alertou.

Sem discordância
Questionado sobre a diferença entre a nova estimativa de alta 1,6% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2017 e a projeção de mercado, em 1,1%, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Carlos Hamilton, negou que isso demonstre discordância entre analistas e o governo. ;Qualitativamente, estamos vendo a economia da mesma forma que os participantes do mercado. Podemos ter um segundo semestre de 2017 um pouco melhor que a primeira metade do próximo ano;, avaliou.

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