Economia

Olimpíadas do Rio desaceleram venda de veículos, diz Anfavea

Com o término do evento, o consumidor deverá voltar a procurar as concessionárias e ajudar a manter a estabilidade

postado em 22/08/2016 13:22
O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antonio Megale, afirmou nesta segunda-feira (22/8) que as vendas de veículos ao mercado interno apresentaram pequena desaceleração neste mês de agosto, passando da média diária de 8 mil para 7,8 mil unidades. Para ele, esse desempenho mais fraco não é uma tendência de piora, apenas uma parada, momentânea, dos negócios por conta da Olimpíada Rio 2016.

Com o término do evento, acredita Megale, o consumidor deverá voltar a procurar as concessionárias e ajudar a manter a estabilidade. ;O crescimento ainda não será robusto, mas esperamos que, a partir de em setembro ou mesmo final deste mês, o mercado volte a um nível mais estável, com um cenário a caminho da recuperação;, disse.

Segundo o executivo, o setor ainda terá que vencer muitos desafios para voltar a crescer e registrar níveis recordes, como o de quatro anos atrás, quando a comercialização superou as 3,8 mil de unidades. Ao discursar na abertura do workshop Planejamento Automotivo 2017, no Hotel Sheraton WTC, Megale manteve as projeções de um recuo de 19% nas vendas de veículos, que devem atingir 2,08 milhões e de uma queda de 5,5% na produção com um total de 2,3 milhões de unidades.

De acordo com a análise do presidente da Anfavea, o êxito da Olimpíada trouxe de volta a autoestima dos brasileiros. Com as definições políticas em torno do processo de afastamento da presidenta Dilma Roussefff, o que se espera é uma retomada da confiança do consumidor, disse. Ele acredita que muitos estão adiando a decisão de compra por ;medo da perda do emprego;.



Mas o receio do consumidor não é só uma questão de confiança, segundo o executivo. O setor da indústria automobilística está com trabalhadores acima do que necessita para produzir. É o caso, por exemplo, da Mercedes-Benz, que anunciou um excedente de 2,5 mil pessoas. Preocupado com as demissões, o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, discutiu o assunto na última sexta-feira (19) com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, e ficou de conversar com a montadora.

Medidas para a retomada

Na avaliação do presidente da Anfavea, a retomada da produção e vendas no mercado doméstico passa por um conjunto de medidas que vão além da gradual expectativa de que o Produto Interno Bruto (PIB) volte a crescer. Uma dessas medidas é a definição do Programa de Sustentabilidade Veicular, em discussão entre governo e 19 entidades, que prevê a criação de estímulos para a renovação da frota.

Megale acredita que essa alternativa não irá penalizar aqueles que mantém um carro antigo em bom estado. A medida ;não é tirar o carro velho, mas tirar o carro sem condições [de segurança no trânsito]. É uma opção para aquela pessoa cuja única solução é deixar o carro encostado em algum lugar. Ela poderá transformar esse veículo em bônus para dar entrada em um carro novo;, afirmou.

Ele também informou que está em debate, inicialmente com os bancos públicos, a possibilidade de capitalizar o setor de autopeças por meio de financiamento a custo mais baixo. Outra expectativa de melhora é o desempenho das exportações. O executivo lembrou que as recentes negociações tem sido mais favoráveis no sentido de se estabelecer metas de escoamento. Na renovação, por exemplo, do acordo com a Argentina, o principal parceiro comercial em âmbito do Mercado Comum do Cone Sul (Mercosul), ao invés do prazo de duração costumeiro de um ano, o contrato será válido até 2020. Quanto ao câmbio, Megale disse que, mesmo tendo recuado nos últimos dias, ainda é vantajoso vender para fora do país com a moeda norte-americana variando entre R$ 3,00 a R$ 3,50.

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