Economia

Perspectivas para o Brasil melhoraram nos últimos meses, diz FMI

O relatório do FMI destaca que as exportações brasileiras e a produção industrial têm reagido positivamente à queda do dólar no país e à melhora dos índices de confiança de consumidores e empresários no Brasil

Agência Estado
postado em 01/09/2016 15:25
As perspectivas para a economia brasileira apresentaram certa melhora nos meses recentes, afirma o Fundo Monetário Internacional (FMI) em documento preparatório para a reunião do G-20, o grupo dos países ricos do mundo, que será realizada na China, com a presença do presidente, Michel Temer.

[SAIBAMAIS]O relatório do FMI destaca que as exportações brasileiras e a produção industrial têm reagido positivamente à queda do dólar no país e à melhora dos índices de confiança de consumidores e empresários no Brasil, que começa a se recuperar de suas baixas históricas.



Em uma entrevista à imprensa nesta quinta-feira, 1; de setembro, para comentar o relatório, o economista do FMI, Helge Berger, disse que países que estavam com situação muito negativa nos últimos trimestres e anos, como Brasil e Rússia, estão mostrando uma estabilização ou mesmo um "leve movimento" de melhora. Em julho, pela primeira vez desde 2012, o FMI não rebaixou as previsões de crescimento da economia brasileira.

O documento do FMI evita tocar na questão política brasileira e ressalta que o desempenho dos principais países emergentes tem mostrado diferenças importantes. Enquanto o Brasil e a Rússia seguem em recessão, a Índia continua com forte expansão do Produto Interno Bruto (PIB) e na Turquia, uma tentativa frustrada de golpe militar ajuda a aumentar a incerteza sobre os rumos do país.

O crescimento mundial continua registrando expansão modesta, mesmo com juros muito baixos ou negativos nos países desenvolvidos, ressalta o relatório. Os Estados Unidos, a maior economia do mundo, devem crescer menos do que se esperava no começo de 2016 e a expansão do Japão e da zona do euro mostrou moderação. Já o Reino Unido deve enfrentar forte desaceleração pela frente.

O balanço de riscos para os rumos da atividade econômica mundial "continuam pendendo para a piora", segundo o FMI. O documento cita que potenciais ameaças para a expansão mundial incluem a inflação muito baixa em países desenvolvidos, mudanças na economia da China, além de questões geopolíticas, como as incertezas associadas aos rumos do Reino Unido após a saída da União Europeia.

O FMI menciona ainda a preocupação com os bancos europeus, na medida em que as instituições financeiras da região estão enfrentando vários desafios.

Nesse ambiente de baixo crescimento, o FMI cobra ações urgentes dos governos para tentar reverter esse cenário. É preciso avançar com reformas, principalmente estruturais, que estimulem o investimento, que não tem respondido mesmo as taxas de juros negativas, ressalta o relatório.

"Uma falta de reformas estruturais e investimento público, incluindo entre os países do G20, é uma razão essencial por trás do baixo crescimento." O grupo, destaca o documento, não tem conseguido cumprir metade das medidas comprometidas desde 2014 na reunião da Austrália para expandir o investimento.

PIB mundial


A economia mundial pode ter em 2017 o sexto ano consecutivo de crescimento abaixo da média de longo prazo, algo só visto no começo dos anos 90, afirmou a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, em comentários enviados a imprensa nesta quinta-feira.

Lagarde, que embarcou para a China para participar da reunião do G20, o grupo dos países mais ricos do mundo, aponta uma série de razões para esse fraco desempenho, incluindo os legados não resolvidos da crise de 2008 em países avançados, queda da produtividade e a forte desaceleração de grandes mercados emergentes, como Brasil e Rússia.

Em 2016, o Produto Interno Bruto da economia mundial deve ter o quinto ano seguido de expansão abaixo da média de longo prazo, de 3,7%. O FMI projeta crescimento de 3,1% este ano e 3,4% em 2017. A economia só teve desempenho "tão fraco e por tempo tão longo" no começo dos anos 90, de acordo com a dirigente.

"Ações políticas fortes são necessárias para evitar o que eu temo que pode se tornar uma armadilha de baixo crescimento", afirma Lagarde. Os governos podem lançar mão de medidas fiscais, desde que tenham espaço para isso, ressalta a dirigente, que destaca ainda que os bancos centrais têm sido muito demandados e estão perto do limite de adoção de estímulos monetários.

Os governos precisam se empenhar mais em avançar nas reformas estruturais, destaca Lagarde. A dirigente menciona que as propostas acertadas nas reuniões recentes do G-20 não têm sido postas em práticas em sua totalidade. "Mais medidas são urgentes " A dirigente fala ainda a necessidade de estimular o comércio internacional.

As novas previsões para o desempenho da economia mundial devem ser publicadas pelo FMI na primeira semana de outubro, na reunião anual da instituição em Washington. Berger disse que ainda é cedo para falar de como devem ficar as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) mundial, pois ainda há desdobramentos, incluindo em mercados emergentes. "É um processo que está em curso."

EUA

O Fundo Monetário Internacional (FMI) deve reduzir a previsão de crescimento dos Estados Unidos em 2016 por conta dos fracos números do primeiro e segundo trimestre, disse em entrevista à imprensa na quarta-feira, 31, o economista da instituição, Helge Berger.

O PIB dos EUA cresceu 1,2% no segundo trimestre em valores anualizados. No primeiro trimestre, a expansão foi de 0,8%. "Há uma fraqueza em vários países, particularmente nas economias avançadas", disse o economista. "O crescimento dos EUA na primeira metade de 2016 foi menor que o esperado."

Em julho, quando divulgou seu último relatório de previsões para o PIB mundial, o FMI projetava crescimento de 2,2% para os EUA em 2016 e 2,5% em 2017.

No caso do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), o FMI recomenda em um estudo que será apresentado na reunião do G-20 que a instituição seja "muito gradual" no processo de subir os juros e continue sendo "dependente de dados".

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