Rodolfo Costa
postado em 02/09/2016 10:08
Aos poucos, os varejistas começam a recuperar os ânimos com a economia. Após um primeiro semestre amargo de queda nas vendas no comércio e de retração das receitas no setor de serviços, 48% dos varejistas acreditam que a segunda metade do ano será melhor que a primeira, segundo pesquisa divulgada nesta sexta-feira (2/9) em parceria entre o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e a Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL). No início de 2016, 39,5% dos empresários consultados acreditavam que o primeiro semestre seria melhor que a segunda metade de 2015.
Sazonalmente, os empresários nutrem mais otimismo no segundo semestre. Com os pagamentos de impostos e demais compromissos já honrados na primeira metade do ano, sobram mais dinheiros para as famílias consumirem no mercado de bens e serviços ao longo do segundo semestre. Mas a melhora no humor dos varejistas também está relacionada à mudança no cenário político.
Em abril, 41,1% dos empresários temiam que o Brasil continuasse mergulhado na crise econômica em 2016. Entre 1 a 12 de agosto, quando a pesquisa foi atualizada, esse número caiu para 33,5%. Nesse período, o presidente da República, Michel Temer, estava interinamente no cargo.
O presidente da CNDL, Honório Pinheiro, enfatiza que os dados são consistentes com a melhora dos indicadores de confiança. ;Tanto por parte dos consumidores como por parte dos empresários há uma expectativa de que a economia inicie a retomada no próximo ano;, disse. Em agosto, o Índice de Expectativas do indicador de confiança do comércio medido pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV) cravou em 93 pontos, o maior nível desde agosto de 2014.
A retomada dessa confiança, entretanto, foi antecedida por sacrifícios. Dos empresários entrevistados, 38% alegam terem reduzido despesas para se manterem competitivos no mercado. 17,3% reduziram preços de produtos e serviços e 10,1% reduziram o quadro de funcionários. A expectativa para os próximos meses, agora, é outra. 84,1% esperam evitar dispensas de trabalhadores. ;A decisão de demitir em razão da crise é algo que o empresário tende a postergar, pois a recontratação posterior é custosa;, destacou Pinheiro.