Economia

'Brasil está preparado para alta de juro nos EUA', diz ministro da Fazenda

Meirelles considera que a melhora do risco país, do ambiente e das perspectivas para a economia serão suficientes para sobrepujar o efeito internacional

postado em 04/09/2016 08:03

Hangzhou, China ;
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, está tranquilo em relação à possibilidade de alta dos juros nos Estados Unidos ainda este ano. Ontem, ao sair do encontro com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Jack Lew ; paralelo à reunião do G-20, que reúne representantes das nações mais ricas do planeta ;, garantiu que o assunto não foi tratado na conversa, mas demonstrou otimismo com a recuperação econômica brasileira. ;A subida do juro americano será muito fortemente contrabalançada pela melhora da situação do Brasil. A melhora do risco país, a melhora do ambiente, da perspectiva da economia brasileira. Então, não devemos olhar apenas o fator internacional, os efeitos da recuperação brasileira sobrepujam os efeitos da alta dos juros nos EUA;, afirmou.

Meirelles acredita que a elevação da taxa será um processo gradual, ;muito anunciado e bastante moderado;. Para o ministro, a alta dos juros nos EUA é uma medida que parece necessária, mas não representará mudança drástica da liquidez disponível. ;Eu acho que existe uma ampla liquidez internacional e que certa contração me parecerá modesta;, disse. ;Aliás, eu acho que está na hora de subida de juros na economia americana. Considero que liquidez excessiva por período excessivamente prolongado pode levar à bolha de ativos e a problemas que obriguem a ajustes no futuro;, concluiu.



O titular da Fazenda diz que acha tranquilizador que o Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) não queira correr riscos excessivos, nem esteja com pressa para mudar a política monetária. Meirelles afirmou que o secretário do Tesouro dos EUA demonstrou uma ;visão bastante positiva; sobre a evolução da economia mundial. ;É a visão de que não há crescimento extraordinário equivalente a períodos de euforia, mas há visão de crescimento sólido;, disse.

Segundo Meirelles, no encontro com Lew, eles conversaram sobre a situação das duas economias e o secretário norte-americano ;expressou admiração pela velocidade da recuperação da confiança no Brasil, principalmente do consumidor, da indústria, do comércio e dos serviços;, relatou. O secretário dos EUA também citou como positiva a recuperação da confiança dos investidores internacionais expressa pela queda dos indicadores de risco, como os contratos CDS. ;O que, portanto, mostra que há confiança muito grande no que vai ser feito e, mesmo quando era um governo interino, a confiança foi concretizada com aumento de investimentos;, afirmou o ministro brasileiro.

Sobre o comportamento da Selic, quem foi questionado foi o presidente Michel Temer, mas saiu pela tangente. Perguntado sobre a trajetória dos juros no Brasil, reafirmou que o trabalho do Banco Central é independente. ;Nessa questão, o BC tem que ter total autonomia;, disse. ;Qualquer palavra que eu diga pode influenciar o mercado, eu não posso responder;, afirmou. Os jornalistas queriam saber se ele concordava com a opinião dos economistas de que o momento de corte da taxa está próximo. Alguns analistas financeiros apostam, inclusive, que a Selic comece a cair já em outubro.

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