Economia

Patamar adequado da carga tributária é complexo, diz Jorge Rachid

Secretário da Receita, que abrirá o evento Correio Debate: Carga tributária no Brasil, defende uma discussão que leve em conta se queremos contribuir como na Dinamarca para obter os serviços oferecidos por lá, ou como nos EUA, onde há menos intervenção pública

postado em 18/09/2016 10:24
Secretário da Receita, que abrirá o evento Correio Debate: Carga tributária no Brasil, defende uma discussão que leve em conta se queremos contribuir como na Dinamarca para obter os serviços oferecidos por lá, ou como nos EUA, onde há menos intervenção pública
O Brasil tem a maior carga tributária da América Latina e da Região do Caribe, de acordo com dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), sendo seguido muito de perto pela Argentina, Barbados e Bolívia. A última informação disponível, relativa a 2015, é de que chega a 32,71% do Produto Interno Bruto (PIB), conforme a Secretaria do Tesouro Nacional.

Para empresários, especialmente aqueles da indústria, essa proporção, considerada por muitos exagerada, é um dos entraves ao crescimento sustentado do país. A relação com o PIB se revela crescente desde a década de 1950 e se mantém acima de 30% desde 1999.

[SAIBAMAIS]Para Jorge Rachid, funcionário de carreira e secretário da Receita Federal pela segunda vez, a discussão sobre o patamar adequado da carga tributária não é tão simples assim. Convidado do Correio Braziliense para a abertura do evento Correio Debate: Carga tributária no Brasil, que ocorrerá nesta terça-feira (20), ele disse ser ;preciso definir qual o tamanho da carga que queremos e também o tamanho do Estado que queremos;.

Rachid, que integra o Comitê de Peritos sobre Cooperação Internacional em Matéria Tributária da Organização das Nações Unidas (ONU), promete entrar fundo no tema. ;Vamos conversar sobre qual a carga tributária que o Brasil pratica. Precisamos definir;, disse ao Correio, citando como parâmetros o patamar de impostos cobrados na Dinamarca, em torno de 50% do PIB, e dos Estados Unidos, de 25% do PIB.



Na Dinamarca, o que a população entrega em impostos retorna na forma de proteção social, serviços públicos, investimentos em saúde, educação, segurança e cuidados com o meio ambiente. Por que a comparação com os Estados Unidos? Simples: a presença do Estado por lá é menor.

De acordo com o secretário e pelo que vem sendo desenhado na política econômica, não devemos caminhar em direção as aumento de impostos. A intenção não é essa. E, sempre que esse assunto vem à tona, o que se ouve é que essa seria a última alternativa para cumprir a meta fiscal. ;O ministro (da Fazenda, Henrique Meirelles) está focado é no controle de despesas. A PEC (que limita os gastos públicos a inflação do ano anterior) vai definir tamanho do Estado;, diz.

Programação do Seminário
Abertura

Jorge Rachid, secretário da Receita Federal

Painel 1 ; Impostos: uma discussão necessária ; Edson Vismona, presidente do FNCP e Efraim Filho, deputado federal e presidente da Frente Parlamentar Mista de Combate ao Contrabando e à Falsificação

Painel 2 ; Tributação e reflexos jurídicos ; Cristiano Carvalho, advogado e sócio na CMT Advogados; e Sacha Calmon, professor universitário e sócio-fundador do Sacha Calmon-Misabel Derzi Consultores e Advogados

Painel 3 ; Custo Brasil e o sistema tributário brasileiro ; Evandro Guimarães, presidente-executivo do ETCO; Everardo Maciel, consultor tributário; e Roberto Haddad, sócio responsável pelo Departamento Tributário na KPMG do Rio de Janeiro

Encerramento
José Augusto Fernandes, diretor de Políticas e Estratégia da CNI

Correio Debate: Carga tributária no Brasil
Data: terça-feira, 20
Horário: das 8h30 às 12h15
Local: Auditório do Correio Braziliense (SIG, Quadra 2, n; 340 ; Brasília)


Três perguntas para: Deputado Efraim Filho (DEM/PB)
Presidente da Frente Parlamentar Mista de Combate ao Contrabando e à Falsificação

Em quanto o senhor acredita que o combate à pirataria e ao contrabando poderia contribuir para melhorar o resultado da arredação do país?
O contrabando atrapalha o mercado formal da economia e, portanto, prejudica a arredação, fazendo com que o Estado perca capacidade de cumprir seus compromissos. De maneira pulverizada, por vários dutos, se estima que a economia perca praticamente a metade do deficit, que está estimado em R$ 170,5 bilhões.

Em sua opinião, se justificaria intensificar as ações de enfrentamento a essas práticas em um momento de crise econômica, como o de agora?
Entendo que sim, porque precisamos recuperar a arrecadação e só há duas alternativas para fazer isso: aumentar impostos ou a base de contribuintes. Eleavar imposto, ninguém mais aguenta. O certo é fazer com que quem não paga, passe a pagar.

Qual o melhor caminho para fazer esse enfrentamento, além de campanhas de esclarecimento público?
Endurecer as penas. Trabalhei nesse sentido como autor da lei que aumentou o período da pena para mais de quatro anos no caso de contrabando. Deixou de ser considerado crime de menor potencial ofensivo, possibilitando a prisão preventiva dos infratores.

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