Economia

Cai a partitipação do setor industrial no PIB do Brasil

A participação da indústria de transformação no Produto Interno Bruto, que já foi de 21,6% em 1985, despencou mais de 10 pontos percentuais em 30 anos, e atingiu 11,40% no ano passado, mesmo patamar de 1947

Simone Kafruni
postado em 02/10/2016 12:11

A participação da indústria de transformação no Produto Interno Bruto, que já foi de 21,6% em 1985, despencou mais de 10 pontos percentuais em 30 anos, e atingiu 11,40% no ano passado, mesmo patamar de 1947

O desmonte da indústria nacional chegou a um ponto que alguns produtos, muito comuns nas casas dos brasileiros, como secadores de cabelo, praticamente não são mais produzidos no país. Embora seja um processo natural em países desenvolvidos, a desindustrialização, no Brasil, é prematura e veloz, provocada pela valorização exacerbada do real ante o dólar por um período longo demais, dizem especialistas.

Não à toa, a participação da indústria de transformação no Produto Interno Bruto (PIB), que já foi de 21,6% em 1985, despencou mais de 10 pontos percentuais em 30 anos, e atingiu 11,40% no ano passado, mesmo patamar de 1947. No caminho inverso, também provocada pela sobrevalorização cambial, a inserção de conteúdo importado na indústria nacional saltou de 16,5%, em 2003, para 26,1%, em 2011, e deve fechar em torno de 24% este ano, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI).

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A política cambial encolheu a indústria, alerta Humberto Barbato, presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). ;Fábricas desapareceram. Não se faz mais secador de cabelo no Brasil. A produção de ferro elétrico resiste porque o setor lutou por uma política antidumping. E liquidificador passou aperto, mas, como ainda existem duas fábricas de motores, sobrevive;, enumera.

Com a globalização e a redução de impostos de importação, é natural que os empresários tenham mais liberdade para escolher fornecedores de outros países, admite Barbato. Porém, alega, a desindustrialização do Brasil foi forçada pela valorização exagerada do real por tempo demais. ;O setor de eletroeletrônicos, hoje, tem o maior deficit da balança comercial, porque é totalmente dependente dos componentes importados;, afirma.

Lourival Kiçula, presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), entidade que representa a produção de portáteis e das linhas branca (eletrodomésticos, como geladeira e fogão) e marrom (eletrônicos, como televisores), diz que não faz sentido produzir tudo no Brasil. ;Mas, de fato, fábricas de produtos específicos estão desaparecendo. De secadores de cabelo, restaram duas;, diz.

O executivo lembra que, no caso de portáteis, a logística de transporte ficou mais fácil e os preços no exterior, mais atrativos. ;Como são leves, é mais barato colocar a carga em contêiner. E, em alguns setores, é impossível competir com os preços dos importados da China;, justifica.

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