Agência France-Presse
postado em 04/10/2016 14:56
Washington, Estados Unidos - O Fundo Monetário Internacional (FMI) confirmou seu pessimismo em relação a América Latina, ao ajustar nesta terça-feira em baixa sua previsão de crescimento em 2016 da região, arrastada pela crise do Brasil e da Venezuela.[SAIBAMAIS]O FMI, que realiza nesta semana sua reunião anual em Washington, projetou uma contração de 0,6% do Produto Interno Bruto do conjunto de países latino-americanos e caribenhos. Isso significa uma queda maior que o 0,4% previsto em julho.
"A atividade econômica na América Latina e no Caribe continua diminuindo de velocidade", afirmou o FMI em seu relatório Panorama Econômico Mundial.
O mau cenário deve começar a melhorar em 2017, quando o FMI espera (como em julho) uma recuperação a 1,6% nas economias dessa região de exportadores de matérias-primas.
Apenas dois décimos de ponto a menos do que em sua avaliação de julho, a estimativa do FMI para 2016 revela o pessimismo da instituição sobre o desempenho da economia da América Latina, que encerrará o ano no negativo após uma estagnação de 0,0% em 2015.
O organismo mantém suas perspectivas negativas para o Brasil, que se contrairá 3,3%, e para a Venezuela, protagonista da pior crise na região, que terá uma grande queda de 10%.
"No Brasil, a economia continua se contraindo, embora a um passo mais moderado, a inflação ultrapassa a margem de tolerância do Banco Central e a credibilidade das políticas foi abalada", disse o FMI.
O relatório sobre a economia mundial do Fundo Monetário Internacional (FMI) destaca que a queda do índice de confiança parece ter chegado ao fim, graças a "menores incertezas políticas" e à absorção dos choques econômicos passados e prevê uma recuperação para o Brasil, com crescimento de 0,5% em 2017.
Na Venezuela, o organismo financeiro estima que a crise "se profunde" em 2016 e 2017, agravada pela prolongada queda dps preços do petróleo, que tem causado uma seca divisas no país que importa a maior parte do que consome.
O organismo reconhece que prever o desempenho da economia venezuelana é "complicado" após mais de uma década sem poder avaliar o país in loco.
- Pequenos potentes -
O FMI elogiou na Argentina "a importante e muito necessária transição a políticas econômicas mais consistentes e sustentáveis".
O Fundo, que realizou sua primeira missão no país sul-americano desde 2006, advertiu que a transformação impulsionada pelo novo governo do presidente Mauricio Macri "provou ser mais custosa do que o previsto", motivo pelo qual rebaixou sua projeção de 0,3 ponto, para uma contração da economia argentina de 1,8% em 2016.
Enquanto isso, o fraco desempenho das exportações no México causará um crescimento mais fraco de 2,1%, mas acelerará a 2,3% em 2017 com a recuperação do setor externo.
Alám da Venezuela, os países exportadores de matérias-primas continuarão em desaceleração em 2016.
A Colômbia, quarto produtora de petróleo na América Latina, crescerá 2,2% (-0,3% em relação a julho), e o Chile, exportador de cobre, se manterá com 1,7%.
O Equador enfrenta uma "perspectiva desafiadora devido ao reduzido valor de suas exportações petrolíferas e sua economia dolarizada" e terá uma contração em 2016 e 2017, afirmou o FMI.
Embora as principais economias estejam com problemas, a maioria continuará se expandindo, demonstrando a heterogeneidade da região, ressaltou o FMI.
Os pequenos Peru, Bolívia e Paraguai seguirão em seu ritmo moderado, com taxas de crescimento igual ou superiores a 3,5%.