Economia

Para especialistas, investir em tecnologia é a chave para o desenvolvimento

Para eles, somente com incentivo à tecnologia da informação será possível diminuir a defasagem entre países emergentes e desenvolvidos. Eles reforçam que há necessidade de treinamento e qualificação para viabilizar projetos

Rodolfo Costa
postado em 06/10/2016 07:16
Samia Melhem: demanda por financiamento é grande, mas o número de projetos que fracassam também
O investimento em tecnologia deve ser encarado como uma das chaves para o enriquecimento e o bem-estar de uma nação. Esse é um dos principais recados de especialistas do setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) que participaram ontem do último dia da 20; edição do Congresso Mundial de Tecnologia da Informação (WCIT). Enquanto países da América Latina investem, em média, 1% do Produto Interno Bruto (PIB) em TIC, nações como Israel aplicam 4%, alertou o vice-diretor da Agência de Promoção de Indústria de TI Nacional (Inap), Lisandro Bril.

Sem os devidos incentivos à TIC como modal de impulsão da economia, a tendência é que a defasagem entre a geração de riquezas e bem-estar social de países emergentes e desenvolvidos continue acentuada. Afinal, a tecnologia é fundamental para gestão de negócios e para aspectos sociais, avalia o presidente da Federação das Associações Brasileiras de Empresas de Tecnologia da Informação (Assespro), Jeovani Salomão. ;A TIC é responsável por distribuir informação. Com ela, é possível conceder a possibilidade de um mundo mais igual;, destacou.

Entre as maneiras de viabilizar a integração pela internet e demais ferramentas tecnológicas, o presidente da World Information Technology and Services Alliance (Witsa), Santiago Gutierrez, enfatizou a importância das Parcerias Público Privadas (PPP). ;Por meio da junção de recursos de governos e empresas, é possível ampliar a cobertura de redes em áreas em que, normalmente, a presença privada é difícil. Assim, é possível conectar escolas, hospitais e locais públicos em sistemas remotos;, disse.

[SAIBAMAIS]No mundo, a demanda pela expansão da TIC é grande. Segundo a líder global de Desenvolvimento Digital do Banco Mundial, Samia Melhem, no entanto, assim como existe procura de governos e empresas por financiamento, são muitos os projetos que falham. ;Ou por causa de elaborações mal feitas ou porque nunca foram completados;, afirmou. Para ela, é preciso treinamento e qualificação de todas as partes envolvidas.

Em muitos dos projetos que não vão para frente, a principal causa decorre de uma rigidez dos contratos. O secretário de Governo de Telanagana, região da Índia, afirma que há normas, por exemplo, que startups não conseguem cumprir para obter recursos. Mas no país, que tem como meta incluir a população de 1,3 bilhão de pessoas à TCI, o setor público tem atuado de maneira menos rígida. ;Tiramos alguns requerimentos de licitação para que outros atores possam contribuir. Precisamos ter soluções localizadas e abraçar todo o mundo acadêmico das startups;, destacou.

Educação
Aliado ao engajamento entre governo e empresas, Vint Cerf, co-criador da internet e vice-presidente do Google, defende que é preciso investir na educação dos consumidores finais, os principais alvos de toda a parceria envolvida na disseminação da TIC. ;A única forma de conseguir ajudar as pessoas a se adaptarem às novas tecnologias é se certificando de que saibam usar a nova tecnologia. As pessoas que nascem hoje viverão durante anos e terão várias carreiras. Para aprenderem ao longo de sua carreira, temos que colocar a educação em primeiro lugar;, disse.

Para o diretor de PPP da Unidade Central do Ministério de Finanças do Egito, Atter Ezzat Hannoura, o principal problema no país são as vontades políticas imediatistas. ;Quando os políticos pretendem ter vitórias rápidas, querem que o projeto funcione em um ou dois anos. As Parcerias Público Privadas (PPP), muitas vezes, não podem ser usadas com esse objetivo. Demora de 12 a 18 meses para que se preparem todos os documentos, incluindo o contrato, de até 600 páginas;, disse. Somente após ouvir todos os atores envolvidos que a PPP deve ser tocada adiante, alerta Hannoura.

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