Às vésperas do fim da gestão provisória do Conselho Administrativo de Defesa de Concorrência (Cade) na Rede Cascol de postos de combustíveis, os preços da gasolina tiveram uma leve alta em Brasília. Os valores mínimos, que chegaram a R$ 3,19 na semana passada, voltaram a R$ 3,25. Para evitar o cartel e o aumento, o Cade ainda avalia se renovará a gestão nos postos investigados.
A alta nos preços pode estar associada à saída do gestor do Cade Wladimir Eustáquio Costa, que interveio nos postos da rede em abril deste ano. ;É algo difícil de se pensar, mas é preciso ficar atento aos aumentos. O conselho apenas supervisiona o mercado para evitar o cartel. Em tese, a gestão dele não deveria influenciar os preços;, analisou Newton Marques, professor de economia da Universidade de Brasília (UnB).
Gerentes dos postos que elevaram os preços alegam que houve um aumento da gasolina vendida pelas distribuidoras nesta semana e o valor foi repassado ao combustível vendido aos consumidores. Porém, dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mostram uma queda no preço médio da gasolina de distribuição, de R$ 3,13 para R$ 3,12, na pesquisa da última semana. Os valores variam entre R$ 3 e R$ 3,18.
Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), o etanol pode representar até 27% da composição da gasolina. O valor médio do etanol subiu de R$ 2,55 para R$ 2,59, nas distribuidoras, na última semana. Na opinião de Marques, da UnB, é possível que o aumento do etanol possa ter contribuído para a alta nesta semana, mas é necessário ficar atento aos movimentos nos postos de combustíveis.
Desde o início da intervenção, em abril, a gasolina caiu de R$ 3,94 para R$ 3,19 na semana passada, segundo a ANP. A redução representou uma queda de quase 19% do valor. O custo era o menor desde janeiro de 2015, quando estava entre R$ 3,16 e R$ 3,20. O Cade informou que a redução dos preços dos combustíveis é resultado do trabalho do administrador provisório nos 180 dias de intervenção. A entidade decidirá nos próximos dias se o prazo será renovado até o julgamento final do processo.
O Sindicombustíveis informou que os preços são definidos pelos postos revendedores e cabe a eles praticar o valor desejado. O responsável pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), não respondeu ao Correio.
Pesquisa
Só nos últimos dois meses, o preço da gasolina caiu quase 5% em Brasília ; de R$ 3,37 para R$ 3,21. O advogado Irineu Paz de Lima, 63, fica de olho nas promoções e nos programas de milhagens oferecidos pelos postos. Para ele, quando o bolso aperta, é preciso ;correr atrás do preço baixo;. ;Eu abasteço várias vezes por mês o meu e o carro da minha esposa. São R$ 1 mil mensais, porque nós viajamos para Minas Gerais. Então é preciso estar atento às promoções;, explicou o advogado.
Rafael Seabra, educador financeiro e autor do livro Quero Ficar Rico, disse que o consumidor precisa fazer um cálculo básico antes de abastecer. ;Primeiramente, a pessoa tem que saber se vale mais a pena comprar etanol ou gasolina. Multiplique o preço da gasolina por 0,7 na calculadora. Se o valor ficar maior que o valor do etanol, a gasolina não vale a pena, mas, sim, o álcool;, indicou.
O contínuo Antônio Rodrigues, 51 anos, foi um dos motoristas que aproveitaram o preço mais baixo. Ele contou que prefere abastecer no Plano Piloto porque a gasolina está mais barata que nas demais regiões administrativas. ;O preço está bem melhor aqui do que de onde eu moro, na Estrutural. Lá está por volta de R$ 3,64;, contou.
Para Antônio, é um alívio poder pagar R$ 3,21 depois de se acostumar aos R$ 3,50 cobrados anteriormente. ;Passei a gastar só R$ 60 por semana. Eu consigo economizar R$ 80 no mês. Isso é ótimo porque sobra um pouco para fazer as compras de casa, sair um pouco para se divertir e comer uma pipoca;, animou-se.
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