Jornal Correio Braziliense

Economia

BC pode começar a relaxar política monetária sob certas condições, diz Ilan

O BC brasileiro manteve a taxa básica de juros (Selic) em 14,25% ao longo do terceiro trimestre para combater a inflação, apesar de uma profunda recessão e das incertezas causadas pela turbulência política



Muito depende, porém, de uma proposta que tramita no Congresso brasileiro para limitar o crescimento dos gastos do governo à taxa da inflação. No passado, governos rotineiramente buscavam impulsionar a economia com gastos públicos financiados pela elevação de impostos ou por empréstimos do exterior. Isso gerou inflação e altas nas taxas de juros, além de frear a atividade no setor privado. "Eu tenho dito explicitamente: veja, se você faz as reformas fiscais, isso me ajuda no meu processo de desinflação", afirmou Goldfajn.

A autoridade brasileira não previu choques econômicos significativos do exterior. Uma elevação de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) poderia gerar volatilidade financeira no curto prazo, disse ele. Muitos analistas e participantes do mercado esperam que possa ocorrer uma elevação dos juros nos EUA em dezembro. Mas no prazo mais longo uma elevação de 0,25 ponto porcentual na taxa básica de juros do Fed ainda manteria os custos de empréstimo nos EUA bem abaixo daqueles praticados nos mercados emergentes, além de sinalizar uma economia mais saudável nos EUA, notou Goldfajn.

Enquanto isso, disse ele, o Brasil precisa aproveitar o quadro de juros baixos do Fed para colocar a casa em ordem. "Para os mercados emergentes, é na verdade um período benigno", afirmou. "Nós ainda temos taxas de juros muito baixas em economias avançadas", disse Goldfajn. "Há uma fuga da taxa de juros zero que ajuda a apoiar alguns de nossos ativos. Nós temos uma janela de oportunidade para fazer reformas."