Dos 109,6 mil empregados do Banco do Brasil (BB), pelo menos 12 mil já cumprem os requisitos para solicitar a aposentaria complementar da Previ, o fundo de pensão dos funcionários da estatal. Outros 6 mil estarão em condições em até quatro anos. Interessado em reduzir as despesas com salários e encargos para aumentar a rentabilidade, o banco estuda criar um plano de incentivo para que essas pessoas façam o requerimento do benefício da entidade fechada de previdência complementar.
São comuns os casos de empregados do BB que já são beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e que se mantêm na ativa para turbinar os ganhos do fundo de pensão quando se desligarem do banco. Outros já cumprem os requisitos para solicitar a aposentadoria da Previ, mas não possuem o tempo de contribuição para fugir do fator previdenciário e, por isso, continuam trabalhando. E há também aqueles que têm adiado ou cancelado a aposentadoria de olho nos incentivos que a estatal oferecerá em um possível plano para reduzir custos.
O BB gasta com a folha de pagamento pelo menos R$ 3 bilhões a mais que os concorrentes diretos. No primeiro semestre de 2016, a instituição financeira desembolsou R$ 9,3 bilhões para cobrir a remuneração dos empregados. No mesmo período, os salários dos funcionários, somados aos encargos e benefícios, custaram ao Bradesco R$ 6,5 bilhões, e ao Itaú Unibanco, R$ 5,8 bilhões. Essa diferença tem afetado a rentabilidade da estatal em relação ao patrimônio, segundo técnicos que preferiram o anonimato.
Rumores dentro do banco apontam que um programa de demissão voluntária (PDV) também pode ser criado para que a instituição financeira reduza os gastos com pessoal. Ainda é avaliada a possibilidade de o banco não preencher vagas daqueles que se aposentarem nos próximos anos. Na avaliação de Wagner Nascimento, coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB, da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), o enxugamento do número de funcionários é prejudicial para a instituição financeira. Ele destacou que a não reposição de vagas de aposentados piora as condições de trabalho de quem fica.
[SAIBAMAIS]Conforme Nascimento, o BB faz políticas públicas e por isso não pode querer o mesmo nível de rentabilidade dos concorrentes. ;Não repor vagas de aposentados sobrecarrega quem fica. O banco precisa ser oxigenado. Somos contra a esse enxugamento e contrários a qualquer PDV. Um plano de incentivo à aposentadoria precisa ser analisado. Muitos esperam esse incentivo para requerer o benefício;, destacou.
O coordenador da Contraf ainda afirmou que a extinção da Diretoria de Relações com Funcionários é ruim, pois reduz a interlocução do BB com os empregados. O Sindicato dos Bancários do Distrito Federal informou que solicitou oficialmente uma reunião com o banco e aguarda posição da empresa. A Associação Nacional dos Funcionários do Banco Brasil (Anabb) comentou que, se decisões devem ser tomadas para melhorar a rentabilidade, não podem passar por medidas que venham a prejudicar os funcionários. Segundo a entidade, a instituição financeira negou que haverá demissões de funcionários.
Mudanças
Procurado, o BB informou que as atribuições da Diretoria de Relações com Funcionários e Entidades Patrocinadas do BB não foram extintas e serão redistribuídas a outras áreas. A medida não deve ser vista isoladamente, mas como parte de uma reestruturação que envolveu outros movimentos, alinhados com exigências do contexto e com estratégias de gestão. Trata-se de decisão que beneficiará a transparência e o respeito na relação com funcionários.
A instituição financeira ainda detalhou que não existe definição quanto a planos de redução do número de funcionários. A estatal também comentou que programas de incentivo a desligamentos e de não reposição do quadro de aposentados são constantemente avaliados pelo Banco do Brasil.
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