Os brasileiros estão, aos poucos, retomando as viagens e as compras em outros países. Em setembro, os gastos das famílias no exterior somaram US$ 1,29 bilhão, de acordo com dados divulgados ontem pelo Banco Central (BC), um crescimento de 2,77% em relação ao mesmo período do ano passado. Foi a segunda alta consecutiva nessa base de comparação, após 18 meses consecutivos de queda. Segundo analistas, o principal motivo é queda do dólar, que torna mais barato, em reais, o preço de passagens aéreas, hotéis e outros produtos. A cotação média da moeda norte-americana, em setembro, foi de R$ 3,256, valor 16,4% mais baixo que em mês correspondente de 2015.
O crescimento dos gastos ajuda a aumentar o deficit na conta de viagens internacionais aferida pelo BC, que leva em conta, ainda, as despesas de turistas estrangeiros no país. No acumulado do ano, entretanto, a valorização do real ainda não foi suficiente para mudar a tendência dos últimos meses. De janeiro a setembro, os gastos feitos por brasileiros lá fora, de US$ 10,48 bilhões, recuaram 25,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. No período, a média do dólar foi de R$ 3,554, cotação 12,4% superior à dos nove primeiros meses de 2015.
Para especialistas, as despesas de brasileiros em outros países deve continuar aumentando. O analista Sílvio Campos Neto, da Tendências Consultoria, destaca, porém, que a tendência é que a recuperação seja gradual. ;Não será um movimento rápido em virtude de um câmbio excessivamente alto do início do ano, que prevaleceu até meados de maio;, destacou Campos Neto. No cenário político, as reformas articuladas pelo governo no Congresso elevam o otimismo dos agentes econômicos e consolidam uma trajetória favorável para a valorização de ativos, ambiente que abre espaço para que o dólar se mantenha em queda.
Campos Neto, entretanto, reforça que o ambiente doméstico ainda é desafiador e, portanto, os gastos serão retomados em uma dinâmica mais lenta. ;Uma das variáveis mais relevantes para demanda é a renda interna. Nesse caso, o cenário ainda se mostra bastante negativo. Com um quadro de desemprego alto e rendimentos em queda real, tudo sugere que a recuperação das despesas no exterior vai ser gradual, sem uma retomada de volumes tão fortes como há dois anos.;
Receita menor
Segundo o Banco Central, em outubro, até o dia 21, os brasileiros gastaram lá fora US$ 1,045 bilhão. No fechamento do mês, em 2015, os desembolsos totais foram de US$ 1,008 bilhão. Nas contas do chefe do Departamento Econômico da autoridade monetária, Tulio Maciel, as despesas podem subir até 50% neste mês. Além da perda de força do dólar, ele avalia que a confiança das famílias ajuda a explicar o aumento dos gastos. ;Os indicadores de confiança nos últimos três ou quatro meses mostraram reação positiva, ainda que estejam em níveis historicamente reduzidos. Isso contribui para que os brasileiros programem mais viagens;, avaliou.
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