Economia

Comunicação pela internet expande redes de trocas de produtos e serviços

Além de trocar objetos, é possível negociar experiências e habilidades profissionais em sites, aplicativos e grupos em redes sociais

Marlla Sabino - Especial para o Correio
postado em 06/11/2016 06:10

Antes de termos moeda para adquirir os mais diversos produtos, as relações de consumo ocorriam por meio do escambo, que eram trocas de mercadorias ou alimentos. Hoje, com a crise financeira, a prática de nossos antepassados está na moda novamente, mas agora potencializada pela facilidade na comunicação. Além de trocar objetos, é possível negociar experiências e habilidades profissionais em sites, aplicativos e grupos em redes sociais.

;A colaboração é um conceito antigo. É uma forma de resolver uma necessidade, utilizar bens, viver novas experiências mediante outros meios de acesso ao consumo;, diz a educadora financeira Elisabete Carvalho, autora do livro Consumo colaborativo como alternativa ao consumismo e ao endividamento. ;Às vezes, uma pessoa ao lado pode contribuir para que você tenha o que precisa, e vice-versa. E fica mais barato para as duas partes;, acrescenta.

A especialista ensina que, no primeiro momento, é necessário identificar o que você tem de competência, de natureza operacional ou cognitiva, que possa contribuir para a vida do outro. ;Além de saber o que pode oferecer, esse também é o momento de pensar sobre o que precisa ou algo que sempre quis aprender;, frisa Elisabete.

A maquiadora Daniele Gonçalves, 29 anos, já tinha o hábito de trocar serviços com as colegas no salão em que trabalha. ;Sou designer de sobrancelhas e maquiadora, e sempre faço permuta com as meninas que cuidam de unhas e cabelos;, conta. Com as dificuldades financeiras, ela viu a possibilidade de conseguir outros benefícios além de tratamentos de beleza. ;Para a festa de aniversário da minha filha, obtive serviços de fotos, buffet e salgados, além da decoração. Agora, consegui negociar um tratamento com uma dentista que queria fazer micropigmentação das sobrancelhas.;

Daniele acredita que as permutas são uma boa forma de divulgar o próprio trabalho e expandir a clientela, além de possibilitar economia nas contas. Mas há vantagens além da questão financeira. Fábio Iglesias, chefe do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho da Universidade de Brasília (UnB), explica que a possibilidade de discutir os termos de troca faz as pessoas se sentirem mais confortáveis. ;A flexibilidade de horários, saber os prazos e explicar os detalhes mais abertamente geram uma personalização do serviço, o que é valorizado;, argumenta.

Para Elisabete Carvalho, o momento é propício para praticar o desapego. ;As pessoas acumulam coisas que usam pouco ou nunca serviram para nada, esperando precisar delas um dia;, diz ela. Mas, se podem ser úteis para outras pessoas, você pode se desfazer delas e arrecadar recursos para comprar algo de que realmente precisa ou pagar uma dívida para sair da inadimplência.;

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